Título: Serra cobra PSDB por aliança com PP gaúcho
Autor: Bueno , Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 06/01/2010, Política, p. A9

Na primeira visita que fez ao Rio Grande do Sul como pré-candidato do PSDB à Presidência da República na eleição deste ano, José Serra tratou de cobrar dos tucanos gaúchos o "máximo empenho" em restabelecer as negociações para a formação de uma aliança com o PP estadual. Ao mesmo tempo, ele procurou se aproximar de líderes do PMDB gaúcho, na tentativa de abrir caminho para garantir um segundo palanque à campanha presidencial no Estado.

As conversas entre o PSDB e o PP pareciam ter fracassado na segunda-feira. Os tucanos, que buscam a reeleição da governadora Yeda Crusius, aceitavam ceder a vaga de vice-governador e uma vaga para o Senado ao PP, mas numa reunião com a direção do partido afirmaram que não concordam com a exigência dos pepistas de uma coligação também na eleição proporcional.

A avaliação do PSDB e do PPS é que as duas siglas seriam prejudicadas na eleição proporcional porque o PP, com uma estrutura muito maior no Estado, acabaria elegendo quase todos os deputados da coligação. Os pepistas têm o maior número de prefeitos (150) e de vereadores (1.177) do Estado, além da segunda maior bancada na Assembleia, com nove parlamentares, ao lado do PMDB, apenas um a menos que o PT.

"O PP não pode exigir a morte de um partido", disse o deputado estadual do PSDB, Nelson Marchezan Jr., que vai concorrer à Câmara. Para o deputado estadual do PPS, Paulo Odone, que vai disputar a reeleição, uma coligação com o PP na disputa proporcional seria "suicídio".

O problema para os tucanos é que o fracasso das negociações pode fortalecer a ala do PP nacional que defende o apoio do partido à pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, por isso a preocupação de Serra em reverter a situação. "Se depender de mim eu recomendaria que (o PSDB) fizesse (o esforço para fechar a aliança com o PP)", afirmou o pré-candidato depois de uma palestra na Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Sul (Federasul).

Para o presidente estadual do PSDB Cláudio Diaz, o assunto não está encerrado. De acordo com ele, o presidente do partido, Sérgio Guerra, já conversou com o presidente do PP, Francisco Dornelles, em busca de uma solução. "A negociação está bem encaminhada", afirmou.

O presidente do PP no Estado, Pedro Bertolucci, que na segunda-feira ouviu do próprio Diaz a negativa do PSDB em relação à coligação na disputa proporcional, espera agora que o tucano apresente oficialmente a nova proposta. Ele admite que, mesmo sem acordo, a maioria dos pepistas gaúchos vai apoiar Serra, mas afirmou que o partido já está discutindo um "plano B" para a eleição.

As conversas incluem o PMDB, que também quer o apoio do PP ao ex-prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, além do PTB e do PSB, que tentam viabilizar candidaturas próprias. "Conversei com o senador Pedro Simon (PMDB) e com o deputado federal Beto Albuquerque (PSB) e com o deputado estadual Luis Augusto Lara (PTB)", lembrou.

Serra também esteve na terça-feira em Santa Maria, governada pelo PMDB, e em Santa Rosa, reduto eleitoral do ex-secretário estadual da saúde, o pemedebista Osmar Terra. Fogaça, ainda não decidiu se abrirá o palanque para o tucano ou para Dilma, mas Serra afirmou ter "esperança" de receber o apoio de "muita gente" do PMDB.