Título: Tráfego melhora, mas muitas rodovias precisam de obras
Autor: Máximo , Luciano
Fonte: Valor Econômico, 05/01/2010, Brasil, p. A3

As chuvas neste começo de ano causaram estragos em rodovias do litoral do Rio de Janeiro e do litoral norte de São Paulo que ainda vão atrapalhar o trânsito por mais tempo. Muitos trechos continuam interditados e precisam de obras para evitar outros acidentes.

Em São Paulo, apesar da rodovia Mogi-Bertioga ter sido totalmente liberada ontem depois de quase um mês interditada, na Oswaldo Cruz (SP-125), que liga Taubaté a Ubatuba, está permitida apenas a passagem de veículos leves. A Secretaria de Transportes paulista estima que em dois dias serão concluídas as obras de reconstrução de um aterro na cabeceira da ponte sobre o rio Paraitinga. A ponte foi danificada pelas águas do rio, que subiu cerca de 10 metros acima de seu nível.

Na Rio-Santos (BR-101), onde ocorreram deslizamentos em 41 pontos nos últimos dias, dos quais 18 causaram interdição da pista, o problema continua sendo o km 477. Hoje há apenas um trecho nessa altura com meia pista interditada, e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) está realizando vistoria técnica para buscar soluções para os problemas da via.

Algumas intervenções já estão sendo realizadas, como o corte de árvores, colocação de canaletas e a construção de uma base com pedras do local do deslizamento para estabilizar o solo.

O governo ainda está avaliando os investimentos necessários nas áreas que sofreram danos menores. Também estão sendo estudadas obras para evitar futuros deslizamentos, segundo o Dnit.

Em Minas Gerais, foi interditado o trecho da BR-356 entre a BR-040 e Ouro Preto, por conta do risco de deslizamento de terras. No Rio de Janeiro, além do problema da Rio-Santos, há cerca de dez rodovias danificadas com buracos, queda de encostas e barreiras nas vias. Dois trechos estão com apenas meia pista liberada: o km 67 da RJ-130, com previsão de regularização em 15 dias, e o km 34 da RJ-125.

Para Marcio Almeida, especialista em geotecnia da Coppe-UFRJ, uma manutenção adequada das estradas poderia evitar os problemas com deslizamento de encostas. "Essas rodovias não possuem uma manutenção física permanente", diz ele. Segundo o professor, não é um erro construir rodovias nas encostas, mas isso exige uma análise constante das condições do solo para evitar acidentes. "A busca por áreas potenciais de risco tem de ser realizada sempre", diz.