Título: Lula defende Congresso de condenação da opinião pública
Autor: Lyra , Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 29/12/2009, Política, p. A6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, durante o último programa "Café com o Presidente" de 2009, que está otimista quanto ao futuro do país no ano que vem. "Acho que eu nunca estive otimista como estou agora". Apesar de não querer apostar em um percentual de crescimento da economia para o próximo ano, Lula disse que o Brasil não vai mais parar. "O Brasil, daqui para a frente, vai continuar crescendo porque nós queremos, nos próximos anos, nos transformar, quem sabe, na sexta, na quinta, na quarta economia do mundo. Nós temos condições para isso e eu acho que é isso que o povo brasileiro espera do Brasil e é isso que ele vai fazer com que aconteça no Brasil", disse o presidente.

Para Lula, as condições econômicas para esse crescimento já foram dadas. "A economia está crescendo; a massa salarial está crescendo; a geração de empregos, ou seja, novos postos de trabalho com carteira profissional assinada, está crescendo, porque nós aumentamos o salário mínimo mais uma vez acima da inflação". Lula destacou também a implementação dos programas Minha Casa, Minha Vida e do PAC como fatores importantes para garantir a infraestrutura no país.

Um dos principais setores empresariais beneficiados pela desoneração de IPI durante a crise internacional - a indústria automobilística - foi citada pelo presidente como responsável pela solidificação econômica nacional. "A indústria automobilística voltou a investir e temos, também, um mercado interno forte, que segura parte da economia".

O presidente acredita que a recuperação - "mesmo que lentamente" - da economia mundial vai ajudar o Brasil, pois possibilita um crescimento nas exportações brasileiras. "Nós precisamos intensificar a abertura de novas áreas de comércio para o Brasil, sobretudo aprofundar mais no mundo asiático, aprofundar mais no Oriente Médio, aprofundar mais nos países africanos e na América Latina como um todo".

Lula disse que o crescimento econômico do próximo ano será suficiente para que o país "gere os empregos necessários, gere os aumentos de salário necessários e a gente possa continuar fazendo os investimentos para melhorar a vida do povo da periferia, para melhorar a vida do povo do campo, para melhorar a situação da classe média brasileira e para que os empresários ganhem mais dinheiro", destacou.

Mais tarde, Lula fez um discurso em defesa da atuação da Câmara dos Deputados, ao sancionar a Lei dos Taifeiros da Aeronáutica. O discurso aconteceu dois dias depois de o Datafolha revelar que 40% dos brasileiros consideram o Congresso ruim ou péssimo.

"Muitas vezes, se a gente for avaliar a Câmara dos Deputados pela imprensa, a gente sempre acha (que a imagem é) negativa. Agora, se a gente for analisar o conjunto do trabalho produzido durante o ano, a gente vai perceber que tem muito mais coisas positivas do que negativas", disse, ao elogiar os deputados por aprovarem o projeto.

Nas unidades militares, os taifeiros são responsáveis pelos serviços gerais. A lei dá direito à graduação de suboficial com vencimentos e vantagens, tornando-os isentos do curso de especialização, condição básica para a progressão em outros quadros da carreira militar.

A pesquisa Datafolha da semana passada mostrou que apenas 15% dos entrevistados consideram bom ou ótimo o trabalho dos congressistas e 39% avaliam que ele é regular. Neste ano, o Congresso foi palco de sucessivas crises, da revelação de que o Senado se valia de atos secretos para esconder nomeações ao escândalo que ficou conhecido como farra das passagens - em que congressistas chegaram a vender bilhetes aéreos de sua cota individual, além de presentear parentes e amigos.

Em seu discurso, Lula disse que o Congresso é alvo de condenação coletiva. "Lamentavelmente, tem deputados que aparecem para trabalhar todo santo dia e, no dia em que um falta, parece que todos não foram trabalhar. Lamentavelmente, a condenação é coletiva e o reconhecimento é individual", afirmou. (Com agências noticiosas)