Título: Paulo Octávio desiste da disputa pelo governo do DF e deixa direção do DEM
Autor: Agostine , Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 19/01/2010, Política, p. A5

O vice-governador do Distrito Federal, Paulo Octávio Alves Pereira, desistiu de disputar o governo local neste ano e deve licenciar-se da direção do DEM. Com a decisão, a oposição perde palanque presidencial no Distrito Federal, o que poderá prejudicar a campanha do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), caso o tucano decida disputar a Presidência.

A decisão é reflexo das denúncias que atingiram o partido no Distrito Federal e que já haviam provocado a desistência do governador José Roberto Arruda (sem partido) da disputa pela reeleição. Arruda foi o único governador eleito pelo DEM em 2006. Presidente do diretório local e vice-governador, Paulo Octávio é citado no inquérito da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, que investiga o pagamento de propinas por empresas com contratos com o governo do DF e o repasse de recursos a aliados. Arruda é acusado de ser o chefe desse esquema.

Em depoimento à Procuradoria da República, Durval Barbosa, ex-secretário do governo Arruda que revelou o esquema de arrecadação e distribuição no Distrito Federal, disse que entregou pessoalmente cerca de R$ 200 mil de propina a Paulo Octávio. O vice-governador nega envolvimento no suposto esquema de corrupção. Ao contrário de Arruda, Paulo Octávio não aparece em nenhum dos vídeos já divulgados, onde políticos aparecem recebendo dinheiro.

O afastamento de Paulo Octávio da direção do DEM do Distrito Federal deve ser anunciada em reunião da cúpula regional, na quinta-feira. O vice-governador conversou com o presidente nacional do partido, deputado Rodrigo Maia, na sexta-feira, sobre sua disposição de não concorrer ao Governo do Distrito Federal, mas ainda não informou aos dirigentes locais. "É uma surpresa para nós", comentou ontem o secretário-geral do DEM no DF, Flávio Couri.

Paulo Octávio era considerado a alternativa do DEM à sucessão de Arruda depois que o governador foi abatido pelas denúncias. A saída dos principais nomes do DEM da disputa pode fortalecer a candidatura do ex-governador Joaquim Roriz (PSC) para o governo local. O PSDB já estaria negociando com Roriz, principal adversário de Arruda. Segundo pesquisa Datafolha, realizada no fim de dezembro, depois do escândalo do mensalão que atingiu o governo Arruda, Roriz venceria a disputa ao Governo do Distrito Federal no primeiro turno e teria de 44% a 48% dos eleitores.

Os tucanos, no entanto, conversam também com o ex-governador e senador Cristovam Buarque (PDT), para tentar viabilizar um palanque para Serra. O pedetista ainda resiste à ideia e diz que pretende candidatar-se a mais um mandato como senador. No PDT, outra alternativa é o deputado distrital José Antônio Reguffe. Na disputa, são cotados também Agnelo Queiroz pelo PCdoB, Geraldo Magela pelo PT e o senador Gim Argello pelo PTB.

O DEM ainda busca opções, como o deputado federal Alberto Fraga, mas a análise de dirigentes é que ele dificilmente conseguiria vencer no Distrito Federal. "Esse escândalo desgastou muito o partido", disse o secretário-geral do DEM-DF. "Vamos apostar em outros Estados para tentar vencer", afirmou.

As principais apostas do DEM são a candidatura de Paulo Souto na Bahia, da senadora Rosalba Ciarlini no Rio Grande do Norte e da senadora Kátia Abreu em Tocantins. Kátia, no entanto, ainda não se decidiu sobre a candidatura. Em Sergipe, o DEM lançará João Alves; em Santa Catarina, será o senador Raimundo Colombo e, no Mato Grosso, o senador Jayme Campos.