Título: Um dia depois de projetar alta de 2%, Mantega fala que outros têm "pibinho"
Autor: Durão , Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 11/12/2009, Brasil, p. A4

Um dia depois de afirmar que a economia brasileira estava crescendo a um ritmo anualizado de 8%, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não quis fazer uma nova estimativa para o crescimento da economia brasileira em 2009, mas admitiu que ele será inferior a 1%. Na quarta-feira, ele disse que a economia poderia ter crescido 2% no terceiro trimestre, mas sua previsão não foi confirmada pelo IBGE, que apontou um aumento de 1,3% para esta comparação. "Pibinho? Pibinho é o da União Europeia que só cresceu 0,4%. Pibinhos são os da Espanha, da Alemanha e dos Estados Unidos. No Reino Unido, o terceiro trimestre teve queda", argumentou Mantega, em defesa.

O ministro ponderou que o

IBGE revisou seus cálculos sobre a variação do PIB desde o último trimestre de 2008 e, dessa maneira, mostrou que a recessão não foi tão forte como se imaginava. Por outro lado, a recuperação da economia também foi menos intensa. "Caímos menos, mas também crescemos menos", afirmou.

O ministro ressaltou que o crescimento de 1,3% no terceiro trimestre teve como destaques a forte recuperação da indústria e do investimento. E defendeu sua política fiscal mostrando que, nesses três meses, o consumo do governo ampliou-se 0,5% em relação ao segundo trimestre na série com ajuste sazonal, uma variação bem abaixo do 1,3% do PIB. "Não procedem as análises que acusam o governo de estar gastando muito", disse.

Para 2010, Mantega manteve sua previsão de 5% para o crescimento do PIB e afirmou que o mais importante é ver a economia começando o ano que vem aquecida. Nesse ambiente mais positivo, citou que o BNDES voltará à sua missão típica de financiar investimentos. Novas medidas para aumentar a competitividade das exportações continuarão sendo tomadas, de acordo com o ministro da Fazenda. Neste momento, elas ainda estão sendo "formatadas".

Sem citar números, o ministro da Fazenda afirmou que o desempenho do quarto trimestre de 2009 deve ser melhor que o de julho a setembro. Para o ano que vem, Mantega não vê necessidade de o Banco Central aumentar os juros porque a inflação de 2009 ficará abaixo do centro da meta de 4,5% (IPCA). Ele ainda afirmou que as projeções para 2010 também são positivas. "A inflação está bem comportada", avisou.

Para o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o crescimento do PIB consolida a saída do Brasil da crise internacional. Ele destacou que a alta dos investimentos é uma clara sinalização de que o país mantém a confiança dos investidores. Sem mencionar que o PIB ficou aquém das projeções de setores do próprio governo, Meirelles disse que os dados divulgados pelo IBGE "corroboraram" os vários indicadores que apontavam para a recuperação da crise no segundo semestre, como a produção industrial e as vendas do varejo.

Na nota distribuída por sua assessoria, ele ressaltou que "a taxa de crescimento observada no terceiro trimestre ante o segundo trimestre de 2009, com ajuste sazonal, foi superior àquela registrada em igual período de 2008, sob o mesmo critério de comparação".(Colaborou Azelma Rodrigues, de Brasília)