Título: Justiça afasta distritais de processos contra Arruda
Autor: Basile , Juliano
Fonte: Valor Econômico, 21/01/2010, Política, p. A9

Os acordos feitos pelo governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), com a sua base de apoio na Câmara Legislativa para evitar o seu impeachment estão sendo derrubados pela Justiça. Ontem, o juiz Vinícius Santos Silva, da 7ª Vara de Fazenda do Tribunal de Justiça do DF, determinou que os deputados distritais envolvidos no escândalo não poderão votar o impeachment de Arruda.

A decisão afeta os deputados Aylton Gomes (PR), Benedito Domingos (PP), Benício Tavares (PMDB), Eurides Brito (PMDB), Júnior Brunelli (PSC), Rogério Ulysses (sem partido), Roney Nemer (PMDB), além dos suplentes Berinaldo Pontes (PP) e Pedro do Ovo (PRP). Esses parlamentares também respondem a processo disciplinar e correm o risco de perder os seus respectivos mandatos. Num acordo feito com Arruda, no início do mês, eles foram indicados para participar da comissão que vai analisar e votar o pedido de impeachment do governador. Agora, esse risco foi afastado.

"A participação de alguém em investigação, em procedimento, onde se apuram fatos relacionados à sua pessoa, fere as mais elementares regras da razão", escreveu o juiz Santos Silva. "É um atentado frontal à razoabilidade, moralidade e impessoalidade", continuou o juiz.

Na decisão de ontem, o juiz Santos Silva analisou as denúncias contra cada um dos deputados. Com relação a Brunelli, ele fala que a acusação é de recebimento de R$ 30 mil por mês, desde dezembro de 2002. Brunelli também foi flagrado recebendo maços de dinheiros. Eurides Brito aparece colocando grandes quantias de dinheiro na bolsa e verificando se a porta estava mesmo fechada. Benício Tavares é suspeito de receber R$ 30 mil mensais para votar com o governo. Roney Nemer receberia R$ 11,5 mil por mês "pelo jogo político". Berinaldo Pontes teria obtido R$ 60 mil mensais e Pedro do Ovo, R$ 45 mil. Rogério Ulysses teria recebido R$ 50 mil e Aylton Gomes, R$ 50 mil. Já Benedito Domingos teria negociado em R$ 6 milhões o seu apoio ao governo.

Os pedidos de impeachment estão sob análise na Comissão de Constituição e Justiça, mas também precisam ser aprovados por uma comissão especial antes de seguir para votação no plenário da Câmara.