Título: Para Aécio, Ciro é uma belíssima alternativa
Autor: Felício , César
Fonte: Valor Econômico, 15/12/2009, Política, p. A7

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), que sinalizou nos últimos dias estar disposto a abandonar a sua pré-candidatura à presidência da República, afirmou ontem que seu partido " deveria sair da comodidade de uma aliança com o DEM e com o PPS" e buscar partidos da base governista, como PP, PDT e PSB. Para Aécio, a manutenção da aliança já feita pelos tucanos nas últimas quatro eleições " é importante, mas talvez não seja suficiente para vencer as eleições".

O governador reiterou, ao sair de um encontro com empresários na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, que manterá sua pré-candidatura até janeiro. "Não há nenhuma decisão tomada. Até porque, se no mês de janeiro, em uma conversa da direção partidária, o partido optar por me dar condições de construir a candidatura, obviamente, eu serei candidato à Presidência da República. Se optar por aguardar um tempo maior, acho que os ativos que eu poderia agregar à nossa candidatura já terão buscado outras alianças".

O primeiro colocado nas pesquisas presidenciais o governador paulista e também tucano José Serra só deve anunciar seu destino eleitoral em marco de 2010 no prazo final para desincompatibilização dos ocupantes de cargos executivos que se dispuserem a concorrer.

Aécio Neves admitiu ontem que não obteve sucesso nas tentativas de antecipar a decisão do PSDB. "Eu perdi internamente na tese das prévias partidárias. Eu sempre defendi as prévias como instrumento de mobilização das pessoas", afirmou o governador, em entrevista à rádio CBN do Rio de Janeiro.

Ainda que já tenha dito em várias ocasiões que , não sendo escolhido pelo partido para disputar a Presidência, apoiará Serra e se dedicará à construção do palanque tucano em Minas Gerais, o governador mineiro voltou a acenar ontem para o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), terceiro colocado nas pesquisas de opinião para a presidência e que também encontra dificuldades de viabilizar a candidatura. O mineiro classificou Ciro, um dos mais cáusticos opositores de Serra, de "belíssima alternativa".

Na entrevista para a rádio, Aécio admitiu que a conversa com Ciro "acaba incomodando alguns dos nossos próprios companheiros", mas que o contato representaria "uma nova convergência", para aumentar a margem de manobra de um futuro presidente. "Porque senão, quem ganhar a eleição - sejamos nós do PSDB ou a candidata do PT - vai ser obrigado a construir uma base refém ainda de negociações partidárias muito pouco ortodoxas".