Título: Serra e Kassab descreem de prejuízo eleitoral
Autor: Costa , Raymundo
Fonte: Valor Econômico, 24/02/2010, Política, p. A6

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB) e o prefeito da capital, Gilberto Kassab (DEM), apareceram em público ontem juntos pela primeira vez depois da cassação do mandato do prefeito, por hora suspensa. Presentes na inauguração de uma escola técnica estadual (Etec) no Jaraguá, zona norte da cidade, ambos rechaçaram a hipótese de o episódio com o prefeito ser usado politicamente contra o governador.

Serra disse não acreditar que a oposição irá usar a polêmica durante a campanha. Tal atitude, segundo o governador, seria "ridícula", principalmente se viesse do PT: "Isso seria ridículo. Até porque foram cassados, entre aspas, um montão de petistas também", referindo-se aos cinco vereadores petistas, também cassados por recebimento de doações ilegais na campanha de 2008. Os petistas conseguiram efeito suspensivo ontem e permanecerão em seus cargos, assim como Kassab e a vice-prefeita Alda Marco Antonio (PMDB), até a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo.

Apesar de Serra ainda não ter anunciado oficialmente, Kassab afirmou não acreditar que o episódio respingue na possível candidatura do governador ao Planalto: "Serra dispensa qualquer outra avaliação que não seja a sua biografia para pleitear qualquer cargo público no plano nacional". Kassab, que disse não ter tratado do assunto com o governador, afirmou ainda que tampouco a aliança entre PSDB e DEM será prejudicada: "Nossa aliança com o PSDB é consolidada. Isso é público e irreversível". O prefeito foi categórico ao dizer que a decisão da Justiça Eleitoral não está relacionada com questões éticas: "Há um questionamento técnico. Não existe cassação. Não sou vítima de nada. Não fui condenado a nada. Confio na Justiça".

Segundo as sentenças divulgadas, Kassab e Alda receberam R$ 10 milhões em doações irregulares da Associação Imobiliária Brasileira (AIB). O valor representa 33,5% do total declarado na prestação de contas do prefeito, de cerca de R$ 29,8 milhões.

O presidente do sindicato do setor imobiliário de São Paulo (Secovi-SP), João Crestana, afirmou ontem que a entidade não faz e nunca fez nenhuma doação eleitoral, mas que empresas associadas à entidade realizam doações dentro da lei.

O sindicato é acusado de criar um associação de fachada, a AIB, para fazer doações a políticos, o que resultou no pedido de cassação do prefeito de São Paulo.(Com agências noticiosas)