Título: Autoprodutores querem discutir usinas na Amazônia
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Fonte: Valor Econômico, 25/01/2010, Empresas, p. B7

Depois de terem conseguido sua inclusão no leilão da hidrelétrica de Belo Monte, os grandes autoprodutores de energia querem agora discutir com o governo os próximos projetos hidrelétricos na Amazônia e uma forma de conseguirem entrar na geração de energia eólica. A preocupação é com a oferta futura de energia hidrelétrica e com a tendência de alta dos preços em função da intensificação de uso de termelétricas.

Os autoprodutores consomem juntos cerca de 10 gigawatts médios de energia por ano e já entendem que faltarão projetos estruturantes de energia limpa, como Belo Monte, se não for realizado um debate sério sobre o uso dos rios da Amazônia. "O governo tem de fazer um programa de longo prazo para o uso da Amazônia e muito bem discutido com a sociedade", diz o presidente da Associação dos Investidores em Autoprodução (Abiape), Mário Menel.

Hoje os oito sócios da Abiape - Alcoa, ArcelorMittal, Camargo Corrêa, CSN, Gerdau, Vale, Votorantim e Samarco - consomem 25% da energia total produzida anualmente no país e só conseguem autoproduzir metade do que efetivamente utilizam. Menel diz que os associados estão preocupados com essas condições porque não só precisam de um insumo barato para ter competitividade no exterior como também precisam de energia limpa e temem a falta de novos projetos hidrelétricos. "Os autoprodutores consomem 10 gigawatts médios de energia e geram só metade disso, o restante é preciso buscar no mercado livre", diz o presidente da Abiape.

Um estudo feito pela Abiape mostra que nos últimos dois anos apenas 500 megawatts (MW) de energia de hidrelétricas entraram em operação contra 706 MW de usinas termelétricas movidas a óleo diesel. "E não há estoque de projetos hidrelétricos", diz Menel, lembrando que nem mesmo a licença ambiental da usina de Belo Monte foi concedida, apesar de o governo federal pretender leiloar o empreendimento em março deste ano.

E mesmo empreendimentos leiloados há dez anos continuam paralisados, sem licença, como é o caso da hidrelétrica de Santa Isabel, no Rio Araguaia. Com capacidade de gerar mais de 1.000 MW de energia, a concessão para a exploração da usina pertence a autoprodutores que ainda esperam a licença para iniciar as obras. "É por isso que temos de discutir como vamos aproveitar a Amazônia", diz Menel.

Na região Norte do país existem estudos de viabilidade em fase de elaboração de usinas com capacidade para gerar quase 12 mil MW de energia. Em todas as outras regiões do país, não há nem 20% dessa capacidade sendo estudada. O principal projeto na região Norte é um complexo de usinas no rio Tapajós e até mesmo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a defender o empreendimento que deverá ser feito em forma de usina-plataforma, como são as plataformas de petróleo.

Os autoprodutores também começam a olhar os projetos eólicos. O preço do primeiro leilão promovido pelo governo no ano passado na faixa dos R$ 140 o MWh animou os autoprodutores que entendem que é possível baixar mais ainda esse preço, com a entrada da indústria eólica no país. "O preço do leilão se equiparou ao de projetos de pequenas centrais hidre