Título: Renda variável melhora os resultados da Petros
Autor: Durão , Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 12/02/2010, Finanças, p. C3

O mercado de ações ajudou a fundação Petros a fechar 2009 com rentabilidade acumulada de 18,74% e romper a barreira dos R$ 50 bilhões em patrimônio líquido. Fundo de pensão dos empregados da Petrobras e de outras 94 empresas patrocinadoras, a Petros conta hoje com 132,2 mil participantes, número recorde e que vem crescendo desde 2006 quando a fundação decidiu abrir sua estrutura de gestão para outras empresas.

No balanço do ano passado, a Petros registrou R$ 51 bilhões em patrimônio líquido e R$ 45,6 bilhões em ativos de investimentos, um crescimento de 13% e 15% respectivamente, comparado a 2008, o que lhe garante a manutenção do segundo lugar do ranking dos fundos de pensão fechados do país. O resultado final foi superavitário em R$ 1,825 bilhão, mais que o dobro dos R$ 713 milhões de 2008. A participação da fundação na Vale do Rio Doce contribuiu com R$ 340 milhões para o superávit, na valorização do ano.

"Para o ano que tivemos, foi um resultado bastante expressivo", comentou Luiz Carlos F. Afonso, diretor financeiro da Petros, referindo-se à expectativa negativa que havia no início de 2009, devido à crise internacional e que posteriormente se reverteu, surpreendendo o mercado com a recuperação da bolsa.

Os ativos de renda variável da Petros valorizaram 42,8%. Na consolidação da rentabilidade das participações em empresas, o rendimento alcançou 27%. E o dos investimentos de giro em bolsa, 73,2%. Já na renda fixa a valorização foi de 9,83% enquanto a carteira de imóveis rendeu 21,6%.

Afonso associa a valorização dos ativos da Petros não apenas a alta das ações, mas também ao aumento da participação dos ativos de renda variável no portfólio de investimentos da fundação, que saltou de 23,4% em 2008 para 33,9% em 2009.

O fundo de pensão da Petrobras aumentou de R$ 9 bilhões para R$ 15,5 bilhões o valor dos ativos em sua carteira de renda variável no ano passado, com uma estratégia de aquisição de ações na baixa.

A fundação foi às compras no mercado de capitais logo no primeiro quadrimestre do ano, quando os preços dos papéis ainda estavam deprimidos pela eclosão da crise seis meses antes.

Dos R$ 15,5 bilhões da carteira de ações, R$ 9,5 bilhões correspondem a participações acionárias de médio e longo prazo e o restante a "giro de curto prazo", ou seja, papéis que a fundação compra no mercado. "Várias empresas tinham bons resultados e fundamentos, no momento que (os preços) caíram aproveitamos para entrar comprando", disse Afonso, destacando o aumento de participação em empresas como Lupatech, Romi, Login e ALL.

Foi um aumento de R$ 3,5 bilhões em novas empresas, entre elas Lupatech e Romi, que são novidades na carteira da Petros que agora tem 15% e 10% do capital dessas companhias, respectivamente.

Para 2010 a renda variável continuará no foco, diz Afonso. "A estratégia é olhar os fundamentos e resultados das empresas como critério de seleção". Sobre o desempenho da carteira no ano passado, Afonso disse que foi resultado de uma "estratégia bastante acertada", já que parte dos resultados dos quase 19% na rentabilidade é proveniente da crença na economia brasileira e na retomada dos investimentos.

Ainda dentro da renda variável, a Petros também buscou avançar em "private equity" através de Fundos de Investimentos em Participações (FIPs).

Atualmente a fundação tem 26 FIPs de 20 gestores dentro da carteira, gerados em diversos projetos na área de infraestrutura - transporte, logística, energia e água e saneamento. Porém, diz Afonso, energia é o setor de maior representatividade na carteira, respondendo por R$ 600 milhões de R$ 1,5 bilhão em capital integralizado em cotas da fundação nos 26 FIPs.

Os fundos representam R$ 2,5 bilhões de um total de R$ 10,7 bilhões em projetos de infraestrutura. "Pela forma como estão estruturados se mostram, em longo prazo, como uma opção de risco muito baixo, é quase uma renda fixa", disse Afonso. A grande quantidade de fundos, alguns já com anos de presença na carteira, permitiu a formação de um "benchmark" da indústria, facilitando a análise dos novos projetos colocados à avaliação dos administradores, explica Afonso.

Paralelamente ao crescimento dos ativos de renda variável houve uma forte redução na carteira de renda fixa, que baixou de 71% do portfólio em 2008 para 61% em 2009. Mais da metade dos recursos aplicados em renda fixa estão em títulos públicos que representam 37% de todos os investimentos da fundação. Afonso diz que a tendência é seguir com o "deslocamento" dos recursos das posições em renda fixa para a renda variável, refletindo a queda da taxa de juros, o crescimento da economia e o surgimento de novos projetos de infraestrutura relacionados a eventos como Copa do Mundo 2014 e Olimpíada de 2016 e na área de óleo e gás por conta do pré-sal. "É um movimento natural que deve se repetir nos próximos anos".

Como o Valor antecipou em dezembro, está nos planos da Petros incrementar os investimentos em imóveis cujo peso na carteira avançou para 2,3% em 2009 e deve atingir 4% nos próximos anos. Afonso disse que novos projetos estão sendo avaliados. "Estamos olhando com mais atenção para esse segmento, já estamos analisando a entrada direta de investimentos em alguns imóveis, também com plano de atualizar nossa carteira de imóveis (vender uma parte para comprar outros mais novos). A intenção este ano é ampliar, embora não vá chegar em 4% em um ano".