Título: Demanda forte no Brasil desperta interesse de companhias nos EUA
Autor: Ribeiro , Alex
Fonte: Valor Econômico, 10/03/2010, Empresas, p. B4

O transporte depassageiros em voos entre o Brasil e os Estados Unidos deverá cresceruma média de 7% anuais até 2030, de acordo com projeções divulgadasontem pela Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês),a agência que regula a aviação civil americana. Se confirmada, a taxade expansão irá superar a do conjunto de países da América Latina, cujoavanço anual é calculado em 4,3%. O Brasil chegará também muito pertode China, Taiwan e India, que deverão apresentar taxa de crescimentoperto de 8%.

O forte crescimento do mercado brasileiro despertou o interesse de companhias americanas. Recentemente, a US Airways anunciou que negocia um acordo com a Delta Airlinespara ter acesso a "slots", ou direitos de pouso e decolagem, noaeroporto de Guarulhos, em São Paulo. "Estamos trabalhando duro paraservir São Paulo", disse ao Valor o presidente da US Airways,Scott Kirby, que participou ontem de um congresso da FAA sobreprojeções para o mercado de aviação em Washington.

Pelosentendimentos entre as companhias, a US Airways abriria mão de "slots"no aeroporto La Guardia, em Nova York, em favor da Delta. Em troca, aUS Airways receberia da Delta "slots" no aeroporto Ronald Reagan, emWashington, e em Guarulhos. O acordo ainda não foi levado adianteporque o Departamento de Transportes americano declarou que o negóciopoderá levar a menos competição na aviação dos Estados Unidos e, porisso, exigiu que as companhias ofereçam parte dos "slots" a empresasconcorrentes.

SegundoKirby, a US Airways e a Delta ainda não desistiram do negócio. Em 2009,a US Airways iniciou a operação de um voo entre o Rio de Janeiro eCharlotte, na Carolina do Norte. "Estamos muitos animados com apossibilidade de voar para São Paulo, já que o Brasil é uma economiagrande que cresce rapidamente". Segundo ele, o interesse de operar noBrasil é antigo, mas os planos não foram concretizados antes porque nãohavia "slots" disponíveis.

"Essenão é o melhor momento para iniciar um novo voo, já que estamos no meiode uma recessão", disse o presidente da US Airways. "Mas esse mercado(o Brasil) é bastante restrito, e essa foi a primeira vez em quetivemos um ´slot´ disponível."

Orelatório da FAA diz que a aviação americana passou em 2009 por suapior crise desde 1929, com uma queda de 7,3% no número de passageirosem relação a 2008, devido à combinação de uma severa recessão, quediminuiu a demanda tanto de viajantes de negócio quanto de turistas,com o alarme em torno da gripe suína, em fins do ano passado.

Onúmero de passageiros transportados entre os Estados Unidos e outrospaises recuou 4,7% em 2009 em relação ao ano anterior. Para 2010,porém, a expectativa é um avanço de 3,3%, puxado pela recuperaçãomundial, sobretudo em economias em desenvolvimento. "Já existe umarecuperação em curso nos voos para a Ásia e o Pacífico", disse em umdos painéis de discussão o diretor comercial da Virgin Atlantic Airways, Edmond Rose.

Em2011, a expectativa é que a recuperação econômica faça a aviação entreEstados Unidos e outros países crescer 5%. Nos anos seguintes, a taxade expansão se acomodaria na média anual de 4,2%. A Ásia cresceria maisdo que a média, com avanço de 5,1%, dos quais 7,9% na China e 8% naÍndia. O México, hoje o mais importante mercado para os Estados Unidosna América Latina, avançaria uma média de 4,1% até 2030.

Ascompanhias aéreas e o governo americano esperam ampliar sua presençainternacional, em parte, com acordos para a "abertura dos céus", ouseja, autorizações para que companhias de um país voem em outrospaíses. Em 2007, os americanos assinaram um acordo do gênero com aUnião Europeia. "Estamos buscando acordos bilaterais com países que temuma postura mais liberal ", disse o secretário-executivo para assuntosde transportes do Departamento de Estado, John Byerly.