Título: Carteira de Petrobras lidera perdas em ações
Autor: Perez , Antonio
Fonte: Valor Econômico, 28/02/2010, EU & Investimento, p. D2

Os fundos de ações de Petrobras com recursos próprios lideram o tombo das carteiras de ações no mês, até o dia 22, com queda de 7,33%. Os dados são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Essas perdas ainda não incorporam a piora acentuada da bolsa nesta semana, com queda de 1,74% do Ibovespa. Mas os papéis da Petrobras sofrem desde o início do ano com a indefinição da capitalização da empresa pelo governo. Segundo analistas, a fraqueza das ações da Petrobras impediu que o Ibovespa se firmasse acima dos 70 mil pontos no início do ano.

Entre os dez principais tipos de fundos de ações acompanhadas pela Anbima, o único com rentabilidade positiva no mês, de 2,08%, é o de Vale com recursos próprios. Esses fundos foram impulsionados pelas perspectivas de reajuste de cerca de 50% do minério de ferro. Na semana encerrada dia 22, contudo, as carteiras de Vale perderam 5,49%, refletindo a virada da bolsa.

Mesmo com a rentabilidade em baixa, os fundos de ações não foram abandonados pelos investidores. Na semana encerrada dia 22, essas carteiras atraíram R$ 230 milhões, levando a captação líquida do mês a R$ 1,24 bilhão. Em janeiro, até o dia 22, os fundos da Petrobras sofreram saída líquida de R$ 6,5 milhões, enquanto os fundos da Vale receberam R$ 21, 26 milhões.

O tombo da bolsa, porém, deve minar o apetite dos investidores pelos fundos de ações, aposta Alexandre Espírito Santo, diretor do curso de Relações Internacionais da ESPM-RJ e economista da Way Investimentos.

Ele vê um cenário de alta volatilidade, dadas as preocupações com o crescimento chinês, as medidas do governo Barack Obama para restringir a atuação dos bancos e as dúvidas sobre a solvência de países europeus. Por isso, os investidores não devem se iludir com altas pontuais da bolsa, avalia Espírito Santo, que acha mais razoável um Ibovespa perto de 60 mil pontos que de 70 mil. "Estamos vendo uma realização de lucros mais prolongada", diz.

Mas há quem descarte a possibilidade de uma queda forte da bolsa nos próximos dias. Para a responsável pela Fator Administração de Recursos, Roseli Machado, a "correção" do Ibovespa será limitada. "Não vai muito longe", aposta.

Enquanto os fundos de ações perdem com a saída dos estrangeiros da bolsa, os fundos cambiais continuam surfando no repique do dólar. No mês, registram rentabilidade média de 4,46%, para uma alta de 4,45% da moeda americana. Apesar da disparada, os fundos cambiais captaram apenas R$ 30,58 milhões no mês. Na semana encerrada dia 22, essas carteiras receberam R$ 3,01 milhões.

O investidor, contudo, deve se acautelar com os fundos cambiais. As carteiras que apostam no dólar têm fôlego curto, diz Roseli Machado. A taxa de câmbio mudou de patamar, deixando a casa de R$ 1,70, mas não tem força para ir muito além de R$ 1,85, julga a diretora da Fator. "O dólar já andou demais", diz.

Sem uma disparada da moeda americana, os fundos cambiais não terão força para bater os fundos DI. Essas carteiras acompanham a variação do Certificado de Depósito Interfinanceiro (DI), que subiu 0,49% no mês.

Os Fundos DI já receberam R$ 3,57 bilhões no mês, perdendo apenas para renda fixa (R$ 8,93 bilhões) e curto prazo (R$ 6,37 bilhões). A captação líquida dessas carteiras, porém, é inflada pelas aplicações de Estados e municípios no início do ano, em razão do recolhimento de impostos. No ano, os fundos de renda fixa registram rentabilidade de 0,68%, superior aos ganhos dos fundos DI, de 0,50%.

Espírito Santo, da Way Investimentos, porém, prefere os DIs. Ele acredita que a renda fixa deve apresentar alta volatilidade daqui para frente com a expectativa para aperto monetário.