Título: Fogo amigo contra Alckmin
Autor: Campbell, Ullisses; Sassine, Vinícius
Fonte: Correio Braziliense, 29/06/2010, Política, p. 2

José Serra terá de lidar com um movimento interno de parte do PSDB paulista organizado para enfraquecer a campanha de Geraldo Alckmin ao Palácio dos Bandeirantes. O desgaste deve-se a feridas não fechadas da corrida municipal de dois anos atrás, quando tucanos organizaram um boicote(1) que culminou num desempenho pífio do ex-governador paulista na eleição regional.

Novamente insatisfeito, um grupo do PSDB aliado de Serra e do prefeito de São Paulo Gilberto Kassab promete não fazer esforço por Alckmin. O movimento ocorre na esteira do anúncio de Milton Leite e Carlos Apolinário, vereadores paulistanos do DEM, de que pedirão votos para o adversário petista Aloizio Mercadante.

A comissão de frente é composta por tucanos que preferiram fazer campanha para o prefeito Gilberto Kassab (DEM) na última eleição. Na época, 11 dos 12 vereadores do PSDB integraram o grupo. Essa reedição do boicote tem nomes como o deputado Walter Feldman (PSDB-SP), que como ex-secretário municipal comprou briga com a campanha do ex-governador. Serra trabalha para conter a insatisfação. Ele vê São Paulo como fundamental na batalha contra a candidata do PT, Dilma Rousseff, que aparece em vantagem em Minas Gerais e no Nordeste, segundo as mais recentes pesquisas de intenção de votos.

O primeiro movimento foi garantir que os vereadores que lideraram o veto a Alckmin tivessem uma reunião com o candidato ao Palácio dos Bandeirantes. Gilberto Natalini e Ricardo Teixeira, expoentes do grupo dissidente, acabaram aparecendo ao lado do ex-governador. Há cerca de duas semanas, Kassab reuniu os 27 vereadores da base com Alckmin para lhe garantir apoio. O próprio prefeito tentou minimizar o apoio dos democratas a Mercadante. Ele informou à cúpula da campanha de Alckmin que Apolinário havia feito ameaças de apoiar o petista caso não conseguisse emplacar subprefeitos de sua confiança. ¿Esse tipo de apoio é dispensável¿, disse o deputado Edson Aparecido (PSDB-SP).

Diferentemente do movimento de setores do DEM pró-Mercadante, esses tucanos trabalharão por Serra e ignorarão o ex-governador, num apoio mudo, como classificado por petistas. ¿Uma banda do PSDB vai dar um apoio não tão aberto para nós porque ficou muito ruim aquele episódio (da campanha municipal). E o troco virá agora¿, disse um estrategista da campanha de Mercadante.

Contraponto Segundo o deputado Edson Aparecido, há um contra-ataque à tentativa de desidratação promovida pela campanha petista. Alckmin tem buscado apoio de prefeitos paulistas do PSB, que lançou o ex-presidente da Fiesp Paulo Skaf ao governo, e do PDT, que tem a vice do PT, com Coca Ferraz, um ex-dirigente tucano. Aparecido minimizou rachas internos dentro do partido. ¿Nós temos um céu de brigadeiro em relação à outra eleição. A dobradinha Serra e Geraldo vem forte para ampliar a vantagem no estado para a eleição presidencial¿, disse o deputado federal.