Título: Processo de negociação climática da ONU recomeça
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 01/02/2010, Internaciaonal, p. A8

O prazo dado pelas Nações Unidas para que os países industrializados formalizem suas metas de corte de emissões de gases-estufa e os em desenvolvimento detalhem ações para diminuir sua curva de crescimento de emissões terminou ontem. Assim, recomeça o processo de negociação tendo como meta chegar a um acordo com força de lei neste ano.

Em entrevista há poucos dias, em Bonn, na Alemanha, o secretário-executivo da Convenção do Clima, Yvo de Boer, disse que o prazo final poderia ser mais elástico, tentando preservar o processo se a adesão fosse pequena. Mas a expectativa era de que os países que aprovaram o Acordo de Copenhague preenchessem o requisito com as promessas que já lançaram - e que a iniciativa estimule outros a aderir também. O acordo pressupõe, também, recursos de curto prazo para os países mais pobres ou mais vulneráveis aos impactos do aquecimento. São US$ 30 bilhões em três anos, de 2010 a 2012.

A entrega do compromisso brasileiro estava agendada para o fim de semana e devia seguir o que foi assumido pouco antes da CoP-15 - reduzir entre 36,1% a 38,9% as emissões estimadas para 2020.

Nos últimos dias, vários países apresentaram suas cartas. O Japão puxou sua meta máxima - 25% de redução, em 2020, com base em 1990. Tóquio disse esperar um acordo internacional em que todas "as maiores economias participem" e que coloquem "metas ambiciosas". Mas a Austrália já jogou a expectativa para baixo ao partir da menor meta possível. O país formalizou cortes entre 5% a 25%.

A União Europeia e seus 27 membros citaram o compromisso em limitar a concentração de gases-estufa na atmosfera a um nível que mantenha o aumento na temperatura abaixo de 2º C. Também miraram o corte global de 50% nas emissões em 2050. A Europa manteve a promessa de 20% de redução podendo chegar a 30%, com a condição de outros a seguirem. Os europeus pediram um acordo internacional com força de lei que comece a vigorar em 1º de janeiro de 2013. Por seu lado, a oferta russa ficou entre 15% a 25%.

Os EUA apresentaram seus números na quinta. Também aqui, nenhuma novidade: 17% de corte em relação aos níveis de 2005, o que se calcula seja cerca de 3% em relação a 1990. A nota nova veio do presidente Barack Obama anunciando cortes nas emissões da administração federal de 28% em 2020.