Título: PDT condiciona apoio a Mercadante à indicação do candidato a vice
Autor: Lima , Vandson
Fonte: Valor Econômico, 17/03/2010, Política, p. A8

A princípio reticente, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) dá agora mostras de que será o candidato do PT ao governo de São Paulo. Mercadante chamou pra um café, em sua casa, entre 8h da manhã e 9h20 de ontem, o presidente estadual do PDT e deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, e o tesoureiro estadual, José Gaspar, para saber se teria apoio da legenda em caso de candidatura ao Palácio dos Bandeirantes.

Como resposta, ouviu de Paulinho que terá esse apoio, desde que algumas condições sejam cumpridas: o PDT não aceitará o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, como vice de Mercadante. Mais que isso, o PDT pretende indicar o candidato a vice. Nomes do partido foram colocados para análise do senador.

"Skaf trabalha diariamente contra os nossos eleitores (sindicalistas), contra as propostas do nosso partido. Não há possibilidade de composição com ele na chapa", afirmou Paulinho, que enumera os pedetistas que seriam os potenciais vices de Mercadante: o prefeito de Campinas, Hélio de Oliveira Santos; e o prefeito de Indaiatuba, Reinaldo Nogueira. "Como as mulheres estão na moda agora, poderia ser uma mulher", diz Paulinho e aponta Eunice Cabral, presidente do Sindicato das Costureiras de São Paulo, e Elza Costa, do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e sua esposa, como possibilidades.

Desde o ano passado, os partidos que fazem parte da base de sustentação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm se reunido buscando formar uma aliança para lançar uma candidatura ao governo de São Paulo que faça frente ao secretário de Desenvolvimento, Geraldo Alckmin (PSDB), líder nas pesquisas. O nome consensual, do deputado federal Ciro Gomes (PSB), que contava com o aval de Lula, está por ora descartado. As declarações de Ciro ao jornal "Folha de S. Paulo", em que disse ser o PT paulista "um desastre", causaram revolta na cúpula do PT. Mercadante, número dois na preferência do presidente, declarou por diversas vezes preferir concorrer à reeleição ao Senado, onde é líder nas pesquisas de intenção de voto. Depois da viagem com Lula para o Uruguai, para a posse do presidente José Mujica, Mercadante, que se recupera no momento de uma cirurgia na próstata, mudou o tom. Nas últimas semanas, foram pelo menos três reuniões para discutir a corrida estadual e a viabilidade de seu nome: com a ex-ministra do Turismo e ex-prefeita da capital paulista Marta Suplicy, com o deputado federal Celso Russomanno (PP-SP) e agora, com Paulinho.