Título: PTB segue indefinido quanto a apoio a petista
Autor: Lima, Vandson
Fonte: Valor Econômico, 18/03/2010, Política, p. A11

O jantar de quase quatro horas realizado na noite de terça-feira na residência do senador Gim Argello (DF) não foi suficiente para definir o apoio do PTB à candidatura presidencial da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Apesar de ser o desejo da maioria da bancada - alguns deputados sugeriram formar uma comissão para convencer o presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ), a aceitar uma coligação formal com o PT - a questão ainda está em aberto. "O partido vai aguardar a desincompatibilização de Dilma e Serra para definir quem vai apoiar", avisou o líder do partido na Câmara, Jovair Arantes (GO), referindo-se ao pré-candidato do PSDB, governador de São Paulo, José Serra.

Jovair, que demonstrou lealdade à orientação de Jefferson, disse que o projeto do PTB é eleger o maior número possível de deputados. "Até o momento, nem Serra nem Dilma nos dão a certeza de que esse objetivo será alcançado. Em algumas situações, quem sabe, seja melhor até liberar o partido para apoios pontuais", completou.

Vice-presidente do partido e líder do PTB no Senado, Gim Argello acha importante a abertura de um diálogo com Jefferson, que defende abertamente uma aliança com José Serra (PSDB). "Meu palanque como candidato ao Governo do Distrito Federal é da Dilma, nunca escondi isso de ninguém. Temos candidatos competitivos no Amapá e no Piauí que precisam seguir a onda de votos do presidente [Luiz Inácio] Lula [da Silva] e da ministra Dilma", afirmou.

Aos petebistas, Dilma expôs os êxitos obtidos pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na economia e na inclusão social. Dentre os presentes, um dos maiores defensores de uma aliança com a ministra foi o senador Fernando Collor (AL). "O Brasil tem a chance de viver um momento de prosperidade pelos próximos dez anos. Para isso, é fundamental elegermos alguém como Dilma, que conhece a fundo a máquina pública federal", elogiou Collor, segundo relato de alguns dos presentes.

Um dos coordenadores da pré-campanha de Dilma, o deputado Antonio Palocci (PT-SP) brincou com a dificuldade de se formalizar a aliança com o PTB. "Tem pessoas de quem queremos nos divorciar. E outras com quem queremos casar e não damos conta", disse ele.

O planejamento inicial era reunir no jantar apenas petebistas que apoiassem a aliança com Dilma. A decisão de Gim desagradou setores da legenda, ressentidos com a falta de um encontro formal do partido tanto com o presidente Lula quanto com a chefe da Casa Civil. "Os líderes prometeram que vão fazer um novo encontro, desta vez com todos os deputados e senadores, para conversarmos com a ministra", afirmou o deputado Arnaldo Faria de Sá (SP).