Título: Fitch indica nota maior
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 29/06/2010, Economia, p. 17

Uma das três principais agências de classificação de risco do mundo pretende elevar, em setembro, o país a um novo grau de investimento

Os investidores foram surpreendidos com uma agradável notícia, em um dia de poucos negócios no mercado acionário. O bom desempenho econômico, em meio à recessão global, e a sua bem conduzida resiliência (capacidade de superar situação crítica) renderam ao Brasil a possibilidade de melhora na sua classificação de risco, subindo mais um lance no grau de investimento. A Fitch Ratings elevou a perspectiva do país de estável para positiva. O anúncio da agência fez com que muitos analistas passassem a prever nova melhora na nota brasileira, o que, na avaliação do economista-chefe do BES Investimento, Jankiel Santos, deve ocorrer em setembro.

Em seu relatório, a Fitch destacou o esperado aumento na renda per capita no Brasil e a confiança de que as taxas de solvência fiscal do país melhorem. A agência de classificação de risco também não espera mudança significativa na direção da política econômica depois das eleições de outubro e crê em um sistema financeiro sólido, na continuação dos regimes de meta de inflação e de câmbio flutuante e no financiamento saudável das contas externas. Esses fatores, segundo a Fitch, compensam a fragilidade de crédito no país, as finanças públicas estruturalmente fracas, o pesado deficit público e as baixas taxas de poupança e de investimento, que impedem crescimento maior.

A boa-nova, porém, não interferiu na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa). O Ibovespa, principal índice de lucratividade do pregão paulista, encerrou o dia com queda de 0,92%, nos 64.225 pontos, acompanhando a Bolsa de Nova York, que caiu 0,05%. Mário Battistel, da Corretora Fair, entende que, se, por um lado, os investidores repercutiram a reunião do G-20 (principais economias do mundo) no fim de semana e as promessas de continuação dos ajustes fiscais dos países europeus, por outro, não ficaram muito satisfeitos com a pequena elevação de 0,2% nos gastos das famílias americanas e a alta de 0,4% no nível de rendimento. No mercado de câmbio, o dólar fechou com altta de 0,06%, cotado a R$ 1,781.

Novo apagão Exatamente 53 dias depois da falha técnica que fez o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, despencar quase mil pontos, em 6 de maio, por conta de um mal explicado erro de digitação, houve novo apagão no mercado norte-americano, que derrubou em 44% os preços das ações da Boeing antes da abertura de Wall Street. Desta vez , o problema foi na Nasdaq, a bolsa eletrônica, que processou 200 ações ao preço mínimo do dia, e no Nyse Arca, que contabilizou 800 títulos.