Título: Ajuste não deve ficar com pobres
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 29/06/2010, Economia, p. 19

Secretário-geral alerta que países precisam equilibrar os orçamentos sem punir as pessoas e pede às nações que cumpram compromisso com os mais vulneráveis

Nova York ¿ O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, alertou ontem às maiores economias mundiais que os mais pobres não deveriam arcar com as consequências de planos para reduzir dívidas públicas e deficits governamentais.

Líderes do Grupo das 20 economias desenvolvidas e em desenvolvimento concordaram no fim de semana em Toronto, no Canadá, em tomar caminhos diferentes para reequilibrar seus orçamentos e tornar seus sistemas bancários mais seguros, um reflexo da frágil e desigual recuperação econômica em muitos países.

¿Todos nós estamos preocupados com os crescentes deficits e dívidas públicas¿, disse ele. ¿Mas nós não podemos equilibrar os orçamentos às custas das pessoas mais pobres do mundo. Nós não podemos abandonar nosso compromisso com os mais vulneráveis¿.

Longo prazo Grupos globais de combate à pobreza se juntaram recentemente a Ban nas críticas ao G-20 e ao Grupo das oito nações desenvolvidas, afirmando que eles não cumpriram as promessas de ajuda às nações pobres e em desenvolvimento. ¿Nós precisamos manter um foco forte no longo prazo¿, disse Ban.

A ONU apoia a declaração feita pelo G-20 no fim de semana de que ¿reduzir a diferença de desenvolvimento e reduzir a pobreza é integral ao nosso objetivo mais amplo de conseguir um crescimento forte, sustentável e equilibrado¿, disse o secretário-geral da ONU.

Ban, que compareceu à cúpula do G-20, disse que defende três tipos de investimento que, segundo ele, gerarão ¿retornos altos e imediatos¿: em emprego, em tecnologia ¿verde¿ e ecologicamente correta, e em sistemas de saúde, especialmente para mulheres e crianças.

Na semana passada, um relatório da ONU disse que os esforços para diminuir a fome no planeta foram minados pela crise econômica global, ainda que o mundo continue caminhando para cumprir a meta de redução da pobreza até 2015.

O relatório disse que é vital que os doadores do mundo desenvolvido cumpram seus ¿compromissos não cumpridos¿ se pretendem alcançar o objetivo de cortar a pobreza pela metade e outros objetivos da ONU, conhecidos como as Metas de Desenvolvimento do Milênio.