Título: Coreia reforça arsenal
Autor: Fleck, Isabel
Fonte: Correio Braziliense, 29/06/2010, Mundo, p. 22

Em resposta ao que considera hostilidade e ameaça militar por parte dos Estados Unidos, o governo norte-coreano anunciou ontem o reforço de seu arsenal nuclear. ¿Os recentes acontecimentos na Península Coreana mostram que a DPRK (Coreia do Norte) precisa reforçar seu dispositivo de dissuasão nuclear de um novo modo¿, informou o Ministério de Relações Exteriores do país, citado pela agência oficial KCNA. No mesmo dia, o país liderado por Kim Jong-il denunciou que os EUA e a Coreia do Sul teriam instalado diversos armamentos pesados em Panmunjon, uma vila sul-coreana situada na fronteira com o vizinho comunista.

Documentos divulgados no último dia 23 mostram que os Estados Unidos já haviam estudado o uso de armas atômicas contra a Coreia do Norte em 1969, quando esta nação derrubou uma aeronave espiã dos EUA ¿ o incidente matou 31 tripulantes. A revelação reforçou os planos norte-coreanos. ¿O fato histórico demonstra que responder ao poder nuclear com o poder nuclear é a decisão correta¿, argumentou a chancelaria de Pyongyang. Para a nação comunista, os documentos são uma prova de que Washington procura utilizar arsenal atômico sempre que há uma ocasião para prosseguir com sua ¿política do poder¿ contra países opositores. O Ministério das Relações Exteriores acrescentou que o presidente Barack Obama não mudou essa postura.

Desde 26 de março, quando o navio de guerra sul-coreano Cheonan foi atacado por um torpedo norte-coreano, provocando a morte de 46 pessoas, os conflitos entre Pyongyang e Seul se intensificaram. Na cúpula do G-8 ¿ grupo das oito maiores economias do mundo ¿, ocorrida no último sábado em Toronto, o regime de Kim Jong-il foi criticado por afundar a embarcação. Em comunicado, os integrantes do G-8 afirmaram que apoiam a Coreia do Sul ¿em seus esforços para responsabilizar os culpados¿ pelo incidente. No domingo, a Coreia do Norte recusou uma proposta da Organização das Nações Unidas (ONU) para participar de conversações militares sobre o ataque ao Cheonan.

Armas na fronteira

O governo norte-coreano exigiu ontem que os Estados Unidos e a Coreia do Sul retirem o armamento pesado que instalaram em Panmunjon, um vilarejo que sediou a assinatura de um pacto para o fim da guerra entre as Coreias, em 1953. Segundo o Exército Popular da Coreia do Norte, as armas foram deixadas no local no último sábado. A ação de Washington e de Seul foi considerada ¿uma provocação premeditada para iniciar um grave conflito militar¿, criticou o Exército. Caso o armamento não seja retirado, a Coreia do Norte ameaçou adotar ¿fortes medidas militares¿ na área. O Acordo de Armistício, que deu fim à guerra das Coreias, prevê que as forças de ambos os países só possam usar armas leves, como pistolas e rifles, na Zona Desmilitarizada.