Título: Aliança PPS-PT não será anulada
Autor: Tahan, Lilian; Campos, Ana Maria; Medeiros, Luísa
Fonte: Correio Braziliense, 30/06/2010, Cidades, p. 25

A direção nacional do PPS recuou e não anulará o resultado da convenção regional que referendou a aliança da sigla com o Partido dos Trabalhadores no Distrito Federal. Na última segundafeira, o diretório local decidiu embarcar na chapa encabeçada por Agnelo Queiroz (PT) na disputa ao Palácio do Buriti. A escolha foi considerada pelo presidente nacional da legenda, Roberto Freire, um ¿erro político gravíssimo¿, porque a legenda apoia o rival da candidata petista Dilma Roussef à Presidência da República, o tucano José Serra.

¿Eles estão fazendo uma aliança com o adversário político do partido.

Se houve um erro, são eles (o diretório local) que têm que arrumar¿, alfinetou Freire.

Ontem, a executiva nacional do PPS fez rodadas de discussões para resolver o caso. Por nove votos a sete, os integrantes decidiram evitar uma medida drástica.

O desgaste e o trauma de uma intervenção no diretório do PPS-DF seriam munição em benefício da candidatura de Joaquim Roriz (PSC) ao governo local. Também poderiam favorecer uma eventual aliança do PPS com o PV. O certo é que o partido não faria coligação com o DEM. Em nota, a executiva nacional informou que ¿prevaleceu o entendimento de que o respeito a uma escolha democraticamente estabelecida é o pressuposto básico da constituição de nossa organização partidária¿.

Antes de a união ter sido referendada, Roberto Freire havia feito comentários ferozes em relação à possível coligação PPSPT, sinalizando que poderia decretar uma intervenção no diretório regional. Mesmo sob ameaça, o diretório manteve o plano estratégico de se juntar aos petistas e, com isso, facilitar a reeleição do deputado federal Augusto Carvalho e emplacar alguns distritais na Câmara Legislativa.

No dia da convenção, com a aprovação da maioria dos militantes do PPS, discursaram lado a lado Agnelo Queiroz, lideranças do PPS e de outros partidos.

Para Agnelo, não existe mal-estar em estar no mesmo grupo que apoia Serra. ¿A maioria dos partidos dessa coligação está com Dilma, mas saberemos respeitar a opção de algumas legendas que nos apoiam no plano local mas tem outro candidato no plano federal.¿ A aliança com o PPS vai oferecer ao PT mais 49 segundos no horário eleitoral para a campanha de Agnelo no rádio e na TV.

Augusto Carvalho comenta que os segundos não influirão na campanha para presidente do país, caso o candidato petista faça uma ode a Dilma Roussef. ¿O tempo de televisão é muito reduzido. Não serão esses segundos que farão diferença. Não está em jogo a campanha Serra contra Dilma, e sim, o melhor caminho para Brasília¿, analisou. (LM e AMC)