Título: Minutos preciosos na telinha
Autor: Tahan, Lilian; Campos, Ana Maria; Medeiros, Luísa
Fonte: Correio Braziliense, 30/06/2010, Cidades, p. 25

O cálculo do tempo de TV e rádio na campanha é usado como moeda de troca no momento em que são decididas as coligações. Agnelo Queiroz está na frente nesse quesito: terá o dobro da exposição na mídia que Roriz

Do ponto de vista da exposição na televisão e no rádio, a coligação que marchará com o PT está com a vantagem. Tem o dobro de tempo que o grupo de Joaquim Roriz dispõe para vender seu peixe em rede aberta de TV. Segundo as regras eleitorais, a chapa com oito partidos em torno de Agnelo Queiroz terá 10 minutos e 9 segundos de propaganda eleitoral, mais da metade de todo o tempo, 20 minutos. Isso a cada inserção ¿ são duas por dia, na hora do almoço e à noite. A coligação de Roriz ficará com 3 minutos e 44 segundos, caso não consiga fechar com o PP, um dos partidos que ainda não se definiram.

O pré-candidato Alberto Fraga (DEM), sem papas na língua, precisará ser econômico nas palavras. Isolado, o Democratas ficou com apenas 1 minuto e 56 segundos. Eduardo Brandão (PV) conta com 35 segundos.

Toninho do PSol, Newton Lins (PSL) e Frank Svensson (PCB) terão de resumir suas propostas ao mínimo. Juntos, eles reúnem apenas um minuto.

O tempo de televisão é considerado valioso pelos concorrentes a cargos eletivos. É calculado na ponta do lápis pelos grupos que disputam o poder. A exposição pública tem a função, quase sempre, de projetar os candidatos.

E numa percepção linear sobre essa regra, quem tem mais tempo acaba tendo mais visibilidade.

Se não garante a vitória nas urnas, a exposição pública, por sua vez, é levada em conta pelos eleitores. Assim, grande parte das conversas que são travadas entre os partidos levam em consideração o tempo que cada um agrega à aliança. Tem mais poder de barganha quem tem mais tempo a oferecer.

Foi de olho nos 2 minutos e 33 segundos do PMDB que o PT aceitou conversar com antigos adversários. Calculado com base na bancada de deputados federais do partido, os peemedebistas, que em 2006 elegeram o maior número de parlamentares na Câmara dos Deputados (89), levaram a melhor. A legenda que apresentará o vice na chapa de Agnelo ¿ o deputado federal Tadeu Filippelli ¿ tem mais tempo de TV do que o próprio PT, com 2 minutos e 24 segundos. Nas últimas eleições, a bancada eleita do PT chegou a 83 deputados federais.

Não é por acaso que PDT e PSB ficaram com as duas vagas ao Senado na coligação de Agnelo e Filippelli. Depois de PMDB e PT, as duas siglas são as mais robustas. A contribuição do PCdoB será de 35 segundos.

A busca por tempo de exposição explica a disputa de última hora pelos partidos ainda solteiros. O PTB, por exemplo, que fará sua convenção hoje, no prazo final para a definição das alianças partidárias, oferece como moeda de troca na negociação 50 segundos ¿ tempo considerado precioso. E quem arrematou foi o PT. O acerto será confirmado na reunião de hoje à noite.

Vagas A direção do PP regional, que ontem à noite se reuniu para discutir em qual time vai estar na campanha, também tem um dote considerável. Com 1 minuto e 18 segundos, ainda tenta negociar um bom quinhão com as chapas existentes. Se ficar do lado de Roriz, poderá ocupar uma das vagas ao Senado Federal.

Saindo com o PT, teria de se adequar à realidade do partido, que hoje negocia a suplência na Casa de Cristovam Buarque (PDT) ou de Rodrigo Rollemberg (PSB).

Atualmente, os dois postos já têm dono, nomes de petistas. Em benefício de uma composição para agregar 78 segundos, o PT é capaz de cortar na própria carne para abrir espaço ao Partido Progressista.

Até o fechamento desta edição, no entanto, o PP ainda não havia batido o martelo.

O grupo de Roriz ainda aposta que poderá contar novamente com a parceira do PP. Benedito foi o vice de Roriz entre 1999 e 2002. Os dois brigaram e romperam.

Mas, agora, a turma de Roriz tenta aparar arestas e somar os segundos de Benedito Domingos e do deputado federal Bispo Rodovalho. Contra a vontade da direção nacional do partido, o PPS vai de Agnelo. E entrega ao petista mais 49 segundos.

Aos candidatos de legendas nanicas e isoladas, como é o caso de Toninho do PSol, que não fechou coligações, o jeito vai ser criar bordões com micromensagens ao estilo do Twitter.