Título: Fiat produz menos que em 2008, mas vende mais
Autor: Maia , Samantha
Fonte: Valor Econômico, 13/04/2010, Brasil, p. A3

Para a Fiat, o início do ano representou uma recuperação em relação à crise econômica global, mas ainda ficou longe do recorde de produção de dois anos atrás. De janeiro a março, a Fiat produziu 171,8 mil veículos em Betim, ante 158,9 mil no mesmo período no ano passado e 190,3 mil no primeiro trimestre de 2008.

Em termos econômicos concretos, a empresa, que compete com a Volkswagen pelo primeiro lugar no setor automotivo, vive uma estabilidade há três anos, já que é integrada a venda dos carros no Brasil e na Argentina, onde a Fiat mantém uma montadora em Córdoba. Há dois anos, não houve importações da linha argentina. Em 2009, com a queda pronunciada do mercado daquele país, as importações foram significativas. Este ano, há um equilíbrio entre importação e exportação, que representam cerca de 10% da produção.

A comercialização de carros neste início do ano superou o resultado de 2008. Há dois anos, a empresa vendeu entre janeiro e março 155 mil automóveis, número que caiu para 152,7 mil no mesmo período do ano passado e agora subiu para 167,5 mil.

Ninguém na montadora espera repetir o resultado, nem de vendas, nem de produção, no segundo trimestre. A avaliação é que houve um movimento de antecipação de compras para aproveitar o incentivo do IPI zero. Com a volta do tributo, espera-se uma queda de comercialização a partir da segunda quinzena deste mês. Na primeira quinzena, ainda são contabilizados parte dos negócios fechados no fim de março.

Para diminuir o uso de horas extras, que chegou a 52 horas semanais, segundo avaliação do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, a Fiat fechou no mês passado um acordo para admitir mil empregados definitivos até o fim de maio. Com essa admissão em massa, a empresa retornará ao nível de 15,2 mil funcionários que dispunha antes da crise econômica global. Em dezembro de 2008, já sob o efeito da retração, a empresa empregava 14.097 pessoas. Em 2009, sinalizando a retomada, a montadora fechou o ano com 14.231 empregados. Já foram admitidos 70% do total negociado.

A empresa deve anunciar até junho o seu plano de investimentos para 2011. Este ano, devem ser gastos R$ 1,2 bilhão. A empresa está sendo pressionada pelo governo mineiro a ampliar as suas linhas de fábricas, mas não deve fazê-lo por ora: a empresa está usando 85% de sua capacidade, com a montagem de 3.055 veículos por dia.

O setor metalúrgico vê com otimismo a retomada dos negócios no primeiro trimestre de 2010. De acordo com uma pesquisa feita pelo Sindicato das Empresas Metalúrgicas e de Material Elétrico de Joinville (Sindimet) no primeiro mês de 2010 houve abertura de 254 vagas. Com isso, a situação do emprego em fevereiro, se comparada ao primeiro semestre de 2009, fechou com um crescimento de 7,1%. No entanto, o número ainda é 9% inferior ao cenário pré-crise, em junho de 2008.

Para a Marcegaglia do Brasil, o primeiro trimestre foi o melhor desde que a empresa se instalou no país, em 2000. "Produzimos e faturamos mais do que durante o ano de 2006 inteiro", vibra o diretor Antonio Carlos Dias de Oliveira. Só em tubos de aço carbono, um dos principais produtos da empresa, a Marcegaglia produziu 95% a mais do que em 2009 no período - com ocupação de 87% da capacidade instalada, de 180 mil toneladas.

A situação de "overbooking" na capacidade produtiva, expressão usada por Oliveira para explicar o ritmo de produção dos primeiros três meses de 2010, se repete em outras linhas. A linha de tubos de aço inoxidável, com 6 mil toneladas de capacidade, está 100% tomada, de acordo com o diretor. A produção de condensadores aramados, de 7 milhões de unidades, e de tubos de aço para refrigeração, com 240 milhões de metros, têm ocupação de cerca de 90%.

A Marcegaglia espera fechar 2010 com um faturamento na casa dos R$ 600 milhões, crescimento de 46% em relação a 2009. "Temos clientes com pedidos em carteira para abril e maio", diz o diretor.