Título: Emergentes estão lentos para definir novas regras
Autor: Moreira , Assis
Fonte: Valor Econômico, 31/03/2010, Finanças, p. C3

O Brasil e os outros emergentes estão se movendo mais lentamente do que vários membros do G-20 para definir regras para remuneração dos executivos do setor financeiro, sinaliza o Fórum de Estabilidade Financeira (FSB), em relatório publicado ontem.

O xerife da regulação bancária mundial espera que o Brasil complete até meados do ano as regras e cumpra o prazo de implementá-las até dezembro, conforme acertado há sete meses no G-20, o grupo das maiores economias do planeta.

Um dos princípios definidos no grupo foi de que entre 40% e 60% (este, para os principais executivos) do bônus terá que ser pago em até três anos, com possibilidade de serem retirados se os lucros dos bancos declinarem nesse período. Metade do bônus deve ser pago em forma de ações ou cotas da empresa, algo que o Brasil tende a seguir, como a França, na expectativa do FSB.

O objetivo é de que a parte variável da remuneração leve em conta o resultado de longo prazo da instituição e não estimule os diretores a tomar decisões excessivamente arriscadas, como aumentar os créditos a maus pagadores apenas para cumprir metas e obter mais bônus - algo que conduziu também à crise financeira global recentemente.

Para o FSB, um "trabalho suplementar" deve ser feito globalmente para reforçar os padrões de tomada de risco ligados aos salários no setor bancário. E confirma um ritmo bem diferente entre os reguladores, refletindo a diferença entre uma questão de salários de banqueiros politicamente sensível na Europa e nos EUA, mas vista como secundária nos emergentes.

O FSB diz que sete países do G-20 - Austrália, França, Alemanha, Itália, Holanda, Arábia Saudita e Grã-Bretanha - adotaram novas regulamentações sobre remuneração que incorporam os princípios adotados pelo grupo. Outros sete, incluindo os Estados Unidos, Canadá e China, dizem que estão adotando os princípios através de seus supervisores bancários.

Já os emergentes estariam mais lentos, até porque o problema se colocaria menos para eles. Em fase preparatória estão o Brasil, México, Cingapura (podendo ocorrer até meados do ano), Argentina, África do Sul e Turquia. Já Índia, Indonésia e Rússia estão apenas em "fase de consideração"" dos princípios.

Outros princípios do G-20 parecem mais polêmicos. Por exemplo, enquanto 18 países têm regras exigindo que os conselhos de administração monitorem os salários, apenas 15 concordaram em divulgar publicamente quanto os executivos ganham.