Título: Serra antecipa agenda e vai a Salvador
Autor: Ulhôa , Raquel
Fonte: Valor Econômico, 14/04/2010, Política, p. A6

O tucano José Serra vai hoje a Salvador (BA), dando início à sua agenda de viagens após o lançamento de sua pré-candidatura, no sábado, em Brasília. Na capital baiana, o ex-governador será recebido pelos aliados do PSDB e do DEM, que estão unidos em torno da candidatura de Paulo Souto (DEM) a governador, porém não participará de eventos com caráter político-partidário. O roteiro deve ser curto, incluindo locais de visita obrigatória para os políticos de passagem pela cidade. Serra deve visitar o Hospital Santo Antônio, das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), conversar com jornalistas no Mercado Modelo e, depois, dar entrevista a um programa de rádio.

O tucano e os coordenadores de sua pré-campanha decidiram não aguardar até segunda-feira para iniciar a agenda de viagens, como convidou o ex-governador Aécio Neves (PSDB). A viagem a Belo Horizonte está mantida, mas os aliados do PSDB, do DEM e do PPS acharam que o presidenciável não poderia ficar parado até lá. Da Bahia, a ideia é que o candidato vá para outro Estado do Nordeste, provavelmente Alagoas.

Enquanto os aliados de Serra estão unidos na Bahia, os adversários estão passando por uma crise. O senador César Borges (PR) decidiu coligar-se ao PMDB do ex-ministro Geddel Vieira Lima, interrompendo negociação com o governador Jaques Wagner (PT). O acordo entre PMDB e PR foi festejado pelo PSDB, porque, avaliam os tucanos, enfraquece a candidatura do governador e aumenta o conflito na base da presidenciável petista Dilma Rousseff.

César Borges, que será candidato à reeleição ao Senado na chapa de Geddel, pré-candidato a governador, garantiu que o palanque da chapa será da ministra. "Meu partido tomou uma posição de apoio à ministra. Nosso palanque na Bahia é 100% dela", disse Borges.

O presidente do PR, senador Alfredo Nascimento (AM), que participou ontem de ato na presidência do PMDB selando o acordo eleitoral entre os partidos da Bahia, disse que a não formalização da aliança com o PT não será um problema para a campanha nacional. "Será mais um palanque forte para Dilma", disse o ex-ministro.

Tucanos e demistas avaliam que o fortalecimento da chapa de Geddel pode contribuir para que a eleição a governador vá para o segundo turno. Segundo as pesquisas realizadas antes do acordo entre PR e PMDB, Jaques Wagner lidera a corrida com cerca de 40%, Paulo Souto está em segundo, com cerca de 27%, e Geddel tem aproximadamente 10%.

Os coordenadores da campanha de Serra comemoram a sequência de problemas na campanha de Dilma, a começar das repercussões negativas das declarações feitas por ela em viagem a Belo Horizonte, estimulando o voto nela para presidente e em Antonio Anastasia (PSDB) para governador. Depois, vieram os constrangimentos de sua visita ao Ceará, considerada por aliados do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) como uma "afronta" a ele, também pré-candidato a presidente. Dilma ainda deu declarações que foram interpretadas como críticas aos exilados.

Em Brasília, o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) negou que tenha havido afronta a Ciro: "Não temos nenhuma atitude provocativa, o momento é de apresentação da ministra."

O ministro disse que Dilma vai continuar viajando, mesmo para os Estados que ainda não tenham chegado a um acordo sobre os candidatos ao governo. "Ninguém vai segurar a ministra. Ela vai continuar andando, respeitando as diferenças dos Estados, mas não vai ficar parada em Brasília porque aquele ou esse lugar não concluiu o cenário eleitoral", disse Padilha.

Padilha minimizou eventuais constrangimentos que tenham sido causados por Dilma durante a campanha. "Os primeiros dias de atuação foram muito positivos. Acho que estamos indo muito bem." (Com agências noticiosas)