Título: Endividamento das famílias sobe, mas renda acompanha
Autor: Travaglini , Fernando
Fonte: Valor Econômico, 01/04/2010, Brasil, p. A3

As famílias brasileiras estão aumentando seu endividamento, mas isso não preocupa o Banco Central (BC), que vê um "cenário benigno" no segmento de crédito para pessoas físicas. O nível de endividamento, medido pela relação entre o estoque de dívida e a renda anual das famílias, alcançou 34,9% da renda em janeiro, 3,1 pontos percentuais acima do valor registrado há 12 meses e 5,4 p.p. superior ao de dois anos atrás.

As informações constam do Relatório de Inflação, divulgado ontem pelo BC. No documento, a autoridade monetária informa que o grau de comprometimento da renda das famílias, isto é, o percentual da renda destinado ao pagamento de juros da dívida, tem diminuído, favorecendo ainda mais, portanto, o aumento da oferta de crédito na economia doméstica.

Segundo o Banco Central, o comprometimento de renda cresceu de forma moderada entre 2007 e novembro de 2008, quando chegou a 24,3%. Desde então, informa o relatório, passou a declinar, atingindo 22% em janeiro deste ano. Nos 12 meses acumulados até aquele mês, a retração acumulada foi de 1,7 ponto percentual. Em 24 meses, de 0,4 ponto percentual.

A redução do grau de comprometimento da renda ocorreu em detrimento do aumento absoluto dos gastos com juros da dívida - de 3,4%, nos 12 meses concluídos em janeiro. Na avaliação do BC, esse fenômeno é explicado pelo crescimento "mais robusto dos indicadores de renda". No mesmo período mencionado, lembra o relatório, a massa salarial ampliada (MSA) avançou 10,1%

"Vislumbra-se, portanto, cenário benigno para o crescimento sustentado do crédito a pessoas físicas, favorecido pelo comportamento positivo dos indicadores de emprego e renda, pela crescente bancarização e pela tendência de alongamento de prazos e de manutenção de taxas de juros em patamares moderados, frente ao padrão histórico brasileiro", conclui o documento do BC. (CR)