Título: PMDB vincula indicação de Temer para vice de Dilma à aliança em MG
Autor: Ulhôa , Raquel
Fonte: Valor Econômico, 16/04/2010, Política, p. A6

O PMDB vai lançar a pré-candidatura do deputado Michel Temer (SP), presidente da Câmara dos Deputados, para vice-presidente na chapa da petista Dilma Rousseff em congresso do partido, no dia 15 de maio. Antes, porém, a cúpula do PMDB quer garantia da aliança com o PT na eleição para o governo de Minas Gerais.

Em reunião na residência oficial da presidência da Câmara, na noite de quarta-feira, as cúpulas do PMDB e do PT fixaram o dia 10 de maio como data final para a formação da chapa conjunta ao governo de Minas ou, ao menos, para a definição do critério de escolha dos componentes.

Os pemedebistas querem garantir o apoio do PT à candidatura do ex-ministro Hélio Costa (PMDB) para governador, antes de lançar Temer. Na prática, o lançamento do deputado como parceiro de chapa de Dilma vai antecipar a formalização da aliança entre os dois partidos na eleição nacional, o que aconteceria somente em junho em convenção nacional. "A convenção de junho vai apenas homologar a decisão, será uma formalidade. O ato político será no dia 15 de maio", disse o senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado e terceiro vice-presidente do partido.

"Foi uma definição extremamente importante do ponto de vista da consolidação da aliança nacional e da aliança em Minas Gerais", afirmou o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra. "Minas Gerais era uma pedra atrapalhando o processo de aliança nacional", completou.

Pelo cronograma definido na reunião de quarta-feira, o PT de Minas realiza no dia 2 de maio prévias entre o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, e o ex-ministro Patrus Ananias para escolha do candidato do partido para a eleição nacional. No dia 4, o vencedor das prévias do PT se reúne com Hélio Costa e os presidentes do PMDB e do PT, respectivamente, Temer e Dutra, para negociar a formação da chapa.

"Vamos fazer o que não fizemos até hoje: uma reunião envolvendo os principais interessados. Até hoje, os dois partidos discutiram sem a presença deles. E não fizemos isso porque o PT não resolvia seu conflito", admite o presidente do PT.

A ideia é que ela esteja fechada até dia 10 ou, pelo menos, que até essa data esteja definido o procedimento a ser adotado para a escolha de quem vai encabeçar a chapa. Um critério que já vem sendo sugerido pelo PMDB é a realização de pesquisa entre os postulantes de cada partido para testar o desempenho eleitoral.

Segundo Dutra, vencendo Pimentel ou Patrus haverá aliança com o PMDB. "A orientação da direção do partido é ter palanque único em Minas. Nós estamos mandatários pelo congresso do partido", disse Dutra.

Uma possibilidade discutida na reunião de quarta-feira é o PMDB de Hélio Costa ceder ao PT a vaga de vice-governador e uma de senador em sua chapa. Seria uma forma de acomodar os dois petistas que disputam a vaga de candidato a governador para facilitar.

Participaram do encontro de quarta-feira, além de Temer e Dutra, os líderes do governo no Senado e na Câmara, Jucá e o deputado Cândido Vaccarezza (SP), o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), o primeiro vice-presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo (SP), o deputado Antonio Palocci (PT-SP), e o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais).

Os pemedebistas cobraram do PT uma participação no núcleo da campanha de Dilma, que provocou uma série de constrangimentos na semana passada, especialmente em sua passagem por Minas - onde admitiu a possibilidade de receber votos do eleitor do candidato tucano a governador, Antonio Anastasia, irritando Hélio Costa - e pelo Ceará - terra do deputado Ciro Gomes (PSB), aliado do governo Luiz Inácio Lula da Silva que, por enquanto, é também pré-candidato a presidente.

Na segunda-feira, dia 19, Dilma Rousseff reúne-se com dirigentes de todos os partidos da aliança para decidir a participação na coordenação da campanha. O PMDB quer indicar dois ou três representantes para participar do núcleo de decisão. Os nomes cotados são os de Jucá, os do primeiro vice-presidente, senador Valdir Raupp (RO), e o do líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).

A disputa entre Patrus e Pimentel está muito acirrada no PT mineiro. No Processo de Eleições Diretas (PED) para escolha do novo diretório, o grupo do ex-prefeito venceu com uma diferença mínima. Foi uma situação de quase empate. O entendimento com o PMDB seria facilitado se Pimentel vencesse as prévias.