Título: Após as eleições
Autor: Sassine, Vinicius
Fonte: Correio Braziliense, 28/06/2010, Brasil, p. 9

Os partidos que vão se enfrentar nas urnas em outubro já se organizaram na Câmara para deixar a votação do novo Código Florestal Brasileiro (CFB) para depois das eleições. Ninguém quer se posicionar em uma das pontas do cabo de guerra instalado na comissão especial que avalia o relatório final do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP).

Até agora, Marina Silva, do PV, foi a única candidata à presidência que se manifestou sobre as alterações em análise na Câmara, criticando o substitutivo proposto por Aldo.

¿Esse é um tema complexo, nervoso, e nossa proposta é que seja discutido depois das eleições¿, afirma o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP). Questionado sobre a falta de posicionamento da candidata Dilma Rousseff (PT), do presidenciável tucano e dos próprios partidos, Vaccarezza diz que não há urgência para a apreciação das mudanças no CFB. ¿É urgente para quem quer fazer propaganda eleitoral. E aí, esse é um problema da Marina¿, critica o deputado.

Segundo o líder do PSDB na Câmara, o deputado baiano João Almeida, o partido não está orientado para adiar a votação em plenário, mas ¿não há hipótese¿ de isso ocorrer antes de outubro. ¿Já existem complicações demais na pauta do plenário¿. O líder do PT, Fernando Ferro, de Pernambuco, admite ¿posições conflitantes¿ dentro do partido e do governo, e tende a apoiar a proposta de Aldo Rebelo. ¿A atual legislação ameaça de prisão muitos agricultores.¿ A análise e a votação do relatório final de Aldo Rebelo estão agendadas para 5 e 6 de julho.

Diante da possibilidade de derrota, a minoria ambientalista tenta protelar a votação. ¿Não queremos essa discussão contaminada pelo processo eleitoral¿, diz o deputado Sarney Filho (PV-MA), integrante da comissão e coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista.

Já o deputado que preside a comissão especial, Moacir Micheletto (PMDB-PR), um dos principais representantes da bancada ruralista, garante que a proposta será votada na data prevista.

¿O Parlamento não seria surdo, cego e louco para apresentar um documento que prejudique o meio ambiente.¿