Título: PMDB de Minas pressiona por aliança
Autor: Grabois , Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 24/03/2010, Política, p. A10

Além de negociar para que o PT aceite uma coligação em torno de seu nome para o governo de Minas Gerais, o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), também é pressionado pelos sete deputados estaduais do partido a trabalhar pela coligação proporcional. O temor dos parlamentares é que, diante das dificuldades de se costurar um acordo entre ambos os partidos, seja feita uma coligação apenas em torno das eleições para governador e senador, sem chapa única para deputado federal e estadual.

Na segunda-feira, em reunião da Executiva estadual, os deputados pediram um encontro com o ministro, com quem não se reúnem formalmente desde 2008. "A aliança não pode ser só formal, tem que ser verdadeira para construir a vitória; o que nos interessa é coligação na majoritária e na proporcional", disse o líder da bancada, deputado Vanderlei Miranda.

A ameaça de não abrir espaço para uma coligação proporcional foi usada no ano passado como uma tentativa de desestabilizar Hélio Costa dentro do PMDB. Mas o ministro venceu a eleição interna do partido, derrotando na disputa pelo comando estadual da sigla o deputado estadual Adalclever Lopes, que recebeu 43% dos votos, ante 57% do deputado federal Antonio Andrade.

Os vencedores não cederam nenhuma cadeira na executiva estadual da sigla além da de Miranda, que só está na direção mineira em razão da liderança na Assembleia Legislativa. Semanas antes da eleição interna, os parlamentares estaduais formaram um bloco com o PT, para sinalizar a preferência por uma aliança para 2010 dentro da base de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, O candidato apoiado por Costa, Antonio Andrade, sempre defendeu a abertura de negociações com o PSDB do governador mineiro Aécio Neves.

"A exclusão foi um equívoco flagrante. Existe um trabalho a ser feito para recompor a unidade. Até porque nossa derrota foi relativa. O grupo que ganhou começou a adotar o nosso discurso, de aliança dentro da base de sustentação do presidente Lula", afirmou o deputado estadual Sávio Souza Cruz. Mas a resistência do PT em apoiar Helio Costa colocou em risco a própria existência do bloco: anteontem, um aliado de um dos pré-candidatos do PT, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, o deputado estadual Durval Ângelo, pediu a dissolução do bloco. Entre outros motivos, citou a disposição de PT e PMDB em ter candidato próprio. Antonio Andrade procura tranquilizar os parlamentares. Mas não estabeleceu a coligação proporcional como condicionante. "Nós não vamos fechar nenhuma aliança proporcional sem discutir antes com os interessados", afirmou.