Título: PT fecha coligação em torno de Mercadante e tenta evitar prévias
Autor: Grabois , Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 24/03/2010, Política, p. A10
O PT fechou ontem coligação com cinco partidos em torno da candidatura do senador Aloizio Mercadante para o governo de São Paulo. Depois de convencer o senador a concorrer ao cargo e a desistir do projeto de manter-se no Senado e da negativa do deputado Ciro Gomes (PSB) de disputar o governo paulista, o partido tem mais um problema a administrar. O senador Eduardo Suplicy quer concorrer como candidato petista ao Palácio Bandeirantes e conseguiu reunir as assinaturas necessárias para disputar prévias internas do partido. Na segunda-feira, Suplicy vai à reunião do diretório estadual do partido para discutir o assunto.
O presidente do PT de São Paulo, Edinho Silva, diz que o partido está fechado com Mercadante. "Vamos continuar investindo nessa unidade. Hoje, 100% da executiva, dos coordenadores regionais e dos deputados estaduais e federais estão unificados em torno do senador Mercadante. Mesmo assim, respeitamos o senador Suplicy", afirmou Edinho, que tenta evitar a realização de prévias. Suplicy propôs ao PT a contratação de sondagem de intenção de votos antes que o partido decida quem vai lançar no Estado. "Se a pesquisa indicar que o Aloizio tem o equivalente ou melhor resultado do que o meu, transmitirei ao partido que ele contará com todo o meu entusiasmo, eu o apoiarei", disse Suplicy.
O senador, que já perdeu para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas prévias internas do PT para a concorrer à Presidência da República em 2002, conseguiu recolher 3,53 mil assinaturas de filiados. O diretório estadual do PT estabeleceu que um pré-candidato precisaria ter 2,97 mil assinaturas para ter direito a concorrer em prévias. "O presidente Edinho prefere um entendimento sem a necessidade de prévias. Estou disposto a colaborar, mas é preciso respeitar os pré-candidatos e os filiados", disse Suplicy. Edinho Silva, entretanto, também se opõe à elaboração da pesquisa. "O PT nunca decidiu tática eleitoral por pesquisa.".
Na reunião da direção do PT com Mercadante foram fechados os apoios do PCdoB, PDT, PRB, PR e PPL à sua candidatura. Na semana que vem, o PT vai procurar partidos ainda menores, como PRTB, PTC, PRB, PTdoB e PSL, em busca de maior tempo de propaganda eleitoral na TV e no rádio. A estratégia é enfrentar a candidatura tucana, que tem apoio do PMDB e do DEM no Estado.
O PSB ficou fora das negociações do PT. O partido tem Ciro Gomes como pré-candidato a presidente e o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, como pré-candidato ao governo paulista. Embora o PSB seja um aliado na esfera federal, o PT vai aguardar os próximos passos do partido. "O PSB não é nosso adversário, vamos investir na construção de um espaço de diálogo e tratá-lo como aliado", disse Edinho.
O presidente do PT nega que a legenda pretenda enfraquecer o PSB ao procurar o maior número possível de partidos para fechar acordos no Estado. "Não é isso que nos move. O que nos move é a nossa candidatura em São Paulo e a eleição da ministra Dilma. O que não é natural é o PSB não estar nesse movimento", disse.
Com o lançamento de Mercadante ao governo, a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy ficará com a vaga do PT para disputar o Senado na coligação petista. A outra vaga ainda será decidida. O PCdoB tem como pré-candidato o vereador e apresentador de TV Netinho de Paula. Já o PSB lançou o nome do vereador Gabriel Chalita.