Título: Exportação de fábrica gaúcha de tratores teve queda de 38%
Autor: Lamucci , Sergio
Fonte: Valor Econômico, 05/04/2010, Brasil, p. A4
A crise financeira global foi cruel para a Agrale, fabricante de chassis para ônibus, caminhões leves, utilitários e tratores com sede em Caxias do Sul (RS). Com a retração da economia mundial, a demanda externa encolheu, as linhas de financiamento para o comércio internacional secaram e o faturamento da empresa no exterior caiu 38,2% em 2009 na comparação com o ano anterior, para R$ 73 milhões, incluindo a fábrica em operação desde 2008 na Argentina.
No mercado interno o desempenho foi um pouco melhor, beneficiado em parte pelo programa Mais Alimentos do governo federal, que facilita a aquisição de tratores de baixa potência pelos agricultores familiares. Mesmo assim, as vendas no país caíram 24,2%, para R$ 540,1 milhões, e não impediram uma retração de 26,2% na receita bruta consolidada no exercício, para R$ 613,2 milhões.
Conforme o diretor-presidente da empresa, Hugo Zattera, a situação melhorou neste início de ano e a previsão para o acumulado de 2010 é de alta de 15% no faturamento, para mais de R$ 700 milhões, puxada pela demanda doméstica. "O mercado externo deve crescer, mas pouco." Ele estima expansão de 10% a 12% no primeiro trimestre, em comparação com o mesmo período de 2009.
A crise mais forte no mercado internacional no fim de 2008 e em 2009 também trouxe para baixo a participação das vendas externas sobre o faturamento da Agrale. Em 2007, quando a receita bruta consolidada somou R$ 523,2 milhões, a fatia era de 19,8%, mas no ano passado ficou em 11,9%, depois de já ter caído para 14,2% em 2008.
Junto com vendas menores nos mercados interno e externo, a margem bruta da Agrale caiu de 17,6% em 2008 para 14,4% em 2009, enquanto as despesas financeiras líquidas subiram 30,7% no período, para R$ 14,8 milhões. Esses fatores levaram a prejuízo de R$ 6,9 milhões em 2009, ante o lucro de R$ 31,6 milhões em 2008. A produção recuou 40% no período nas linhas de veículos, para 5,2 mil unidades, enquanto no segmento de tratores o volume diminuiu 21%, para 1,5 mil máquinas.