Título: Quase metade dos governadores tentarão a reeleição em outubro
Autor: Grabois , Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 05/04/2010, Política, p. A8

Quase a metade dos governadores do país tentarão a reeleição neste ano. Nas 27 unidades da Federação, 13 governadores pretendem permanecer no cargo a partir de 2011.

No Rio, Sérgio Cabral (PMDB) conta com apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e segue à frente, nas pesquisas, do ex-governador Anthony Garotinho (PR) e do deputado Fernando Gabeira (PV), este aliado ao PSDB e ao PPS. Em Alagoas, Teotonio Vilela Filho (PSDB) enfrentará o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT). O ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB), antes cotado para a disputa, tem afirmado que apoiará Lessa. O governador Jaques Wagner (PT) e o ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima (PMDB) disputarão os votos da Bahia, apesar dos apelos do presidente Lula para evitar o racha na base governista. O ex-governador Paulo Souto (DEM) também deve concorrer ao governo baiano.

Em Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) segue na liderança das pesquisas que indicam vitória no 1º turno. Mesma situação vive seu colega de partido Cid Gomes, no Ceará, cujo desafio é compor com os apoios oferecidos por PT e PSDB. No Maranhão, Roseana Sarney (PMDB) enfrenta a resistência do PT local em apoiá-la, apesar dos pedidos da direção nacional petista. O PT do Maranhão estuda fechar coligação com Flávio Dino, candidato do PCdoB. A disputa maranhense contará ainda com o ex-governador Jackson Lago (PDT), cassado em 2009.

No Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB) tenta ganhar fôlego após ser alvo de denúncias de corrupção, mas está atrás, nas pesquisas, do ex-ministro da Justiça Tarso Genro (PT) e do ex-prefeito de Porto Alegre José Fogaça (PMDB), que renunciou ao cargo na semana passada. No Pará, a governadora Ana Júlia Carepa (PT) tenta costurar acordo com o PMDB para tirar do páreo Jader Barbalho. Aliados no plano federal, PT e PMDB devem marchar separados ainda no Mato Grosso do Sul, onde o governador André Puccinelli (PMDB) terá como adversário Zeca do PT. Na Paraíba, José Maranhão (PMDB) tem como principal adversário o ex-prefeito de João Pessoa Ricardo Coutinho (PSB).

A situação no Tocantins está indefinida. PSDB e DEM devem escolher entre o ex-governador Siqueira Campos (PSDB) e a senadora Kátia Abreu (DEM) para concorrer com o governador Carlos Gaguin (PMDB). No Sergipe, o governador Marcelo Déda (PT) não sabe quem será seu adversário. O ex-governador João Alves (DEM) não definiu se entra na disputa estadual ou na do Senado. Em Roraima, o ex-governador e deputado federal Neudo Campos (PP) tenta voltar ao cargo e evitar a reeleição de José de Anchieta (PSDB).

Outros dez governadores se desincompatibilizaram para disputar novos cargos. Além de José Serra (PSDB), que deixou o governo de São Paulo para disputar a Presidência da República, os demais tentarão o Senado. É o caso de Aécio Neves (PSDB), que não cedeu até o momento aos apelos da ala serrista da legenda para ser vice de Serra. Aécio tentará eleger para o governo estadual o também tucano Antonio Anastasia, que o substituiu.

Apenas três governadores não deixaram seus cargos nem vão tentar a reeleição. Paulo Hartung, governador do Espírito Santo pelo PMDB, desistiu do Senado sob o argumento de manter coesas as forças políticas que lhe deram sustentação. Binho Marques, governador do Acre pelo PT, não concorrerá por conta de acordo com os irmãos Viana. O senador Tião Viana (PT) tentará o governo, enquanto o ex-governador Jorge Viana (PT) disputará o Senado. A outra vaga para senador na chapa do PT deve ficar com Edvaldo Magalhães, do PCdoB. O governador de Goiás, Alcides Rodrigues (PP), desistiu de tentar o Senado e permaneceu no cargo.

Dos dez vice-governadores que assumiram administrações estaduais, apenas dois não devem concorrer à reeleição - Alberto Goldman, de São Paulo, e Leonel Pavan, de Santa Catarina, ambos do PSDB. Pavan substitui Luiz Henrique Silveira (PMDB), que tentará o Senado.

Além da certeza da candidatura de Anastasia em Minas, é dada como certa a tentativa de reeleição de João Cahulla (PPS) em Rondônia, que substituiu Ivo Cassol (PP). Caso semelhante ocorre no Mato Grosso, onde Silval Barbosa (PMDB), que ficou no lugar de Blairo Maggi (PR), tentará permanecer no cargo. As demais candidaturas à reeleição dos vices que assumiram os Estados não estão fechadas. No Piauí, Wilson Martins (PSB), que assumiu o governo no lugar de Wellington Dias (PT), ainda não decidiu se concorrerá porque poderia dividir o bloco governista local. No Rio Grande do Norte, Iberê Ferreira (PSB), que substituiu sua colega de partido Wilma de Faria, faz tratamento contra um câncer e pode desistir do projeto de disputar o governo. No Distrito Federal, após a perda de mandato de José Roberto Arruda (sem partido), que permanece preso, a Câmara Legislativa deve escolher por eleição indireta o novo governador e o Supremo Tribunal Federal (STF) decidirá se aceita o pedido de intervenção federal feito pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel.