Título: Chineses continuam na disputa e oferecem até crédito
Autor: Goulart, Josette; Lima, Marli
Fonte: Valor Econômico, 22/04/2010, Brasil, p. A4

De São Paulo

Os fornecedores de equipamentos travam uma verdadeira batalha nos bastidores para fechar contrato com o consórcio vencedor Norte Energia. As propostas firmes foram entregues antes do leilão, mas agora os chineses, que têm preços agressivos, resolveram melhorar suas propostas e estão propondo condições de financiamento com custos menores do que as taxas oferecidas pelo BNDES. O financiamento do BNDES, que tem juros de 4% ao ano, por 30 anos, exige que até 60% de cada equipamento seja produzido no Brasil e é por isso que os chineses resolveram partir para o ataque. A Dongfang que já é fornecedora de Jirau, por exemplo, quer fornecer pelo menos 40% das turbinas de Belo Monte. Além de ter um preço mais agressivo, oferece financiamento do Eximbank chinês de libor, a taxa de juros londrina, mais 2% ao ano. O prazo é de 15 anos para pagamento. O consórcio liderado pela Alstom , que tem Voith Hydro (empresa da Voith e Siemens) e Andritz (ex-GE), também está na disputa, mas sabe que vai ter que brigar muito para levar o contrato. A empresa fez uma oferta na última hora, mas tem preços até 30% maiores do que aqueles que os chineses estão dispostos a oferecer. "Nosso acordo era com Camargo Corrêa, Odebrecht e Andrade Gutierrez, e há meses estudávamos juntos o projeto", diz um executivo de uma das empresas das fornecedoras de equipamentos. "Agora teremos que começar do zero com esse consórcio." A empresa argentina Impsa está também no páreo. Ela tem sociedade com a chinesa Harbin. A vantagem da companhia poderia estar no fato de estar investindo em uma fábrica em Suape, Pernambuco. Isso lhe traria vantagem pois está levando investimentos para o Estado sede da Chesf, a subsidiária da Eletrobras que está no consórcio vencedor. Existe uma forte pressão do Estado junto ao governo federal em função das condições da reestruturação da Eletrobras e que estaria deixando a Chesf desprestigiada e sem poder, segundo os manifestantes. O consórcio liderado por Chesf, do lado estatal, e pela Bertin, no lado privado, pode tirar vantagem dessa disputa. A tarifa de R$ 78 que foi vencedora é bastante agressiva e por isso quanto menor for o custo da obra e dos equipamentos, melhor será o retorno do investimento que já está bastante apertado. (JG)