Título: Dilma forma conselho para incluir governistas em rumos da campanha
Autor: Junqueira , Caio
Fonte: Valor Econômico, 20/04/2010, Política, p. A8

A coordenação da campanha da candidata a presidente pelo PT, Dilma Rousseff, realizou ontem uma ofensiva para tentar assegurar o apoio dos partidos da base governista e diminuir as chances dessas siglas apoiarem a principal candidatura adversária, de José Serra (PSDB).

Duas reuniões aconteceram ao longo do dia com movimentos nesse sentido. A primeira, com representantes da aliança que sustenta o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sem a presença da candidata, decidiu que a campanha terá um conselho político formado por esses partidos. O conselho definirá os rumos da campanha e os passos da candidata pelo país.

Isso mesmo a despeito de alguns deles, como PP e PTB, estarem divididos entre apoiar Dilma ou Serra. Tanto que, anunciada a princípio como uma reunião da coordenação da campanha com os presidentes das legendas que já sinalizaram apoio a Dilma - caso de PMDB, PT, PDT, PR, PRB e PCdoB - , o encontro acabou tendo esses critérios eliminados, o que propiciou a participação do PTB, com o senador Gim Argello (DF) e com o líder do partido na Câmara, Jovair Arantes (GO); e do PP, com João Leão (BA). Os presidentes dos dois partidos, porém, têm opção preferencial por apoiar Serra. Roberto Jefferson, do PTB, esteve inclusive no lançamento da candidatura tucana, há dez dias. O senador Francisco Dornelles (PP-RJ) é cotado para ser vice do tucano.

Com a formação do conselho, os partidos terão reuniões quinzenais para tratar da agenda da candidata, em especial nos Estados em que há conflitos na base e mais de um palanque para Dilma. O objetivo é evitar constrangimentos como o que ocorreu na semana passada, quando Dilma foi ao Ceará e gerou um conflito local e nacional envolvendo PT, PMDB e PSB. Há quinze dias, ela foi a Minas Gerais, Estado em que PT e PMDB travam um duelo para decidir quem será o candidato a governador.

" O Conselho vai ajudar na definição dos lugares que ela visitará antes da visita, para não ter risco de ela sair desses lugares com menos apoio do que chegou " , afirmou Argello. Ele disse ainda que antes de cada visita os aliados se reunirão para garantir a presença da base nos locais e tentar sanar os problemas regionais. A próxima reunião ficou agendada para o dia 3 de maio, com a presença do marqueteiro João Santana e com o compromisso de, até lá, os partidos do conselho conversarem com as lideranças estaduais para trazer soluções para os conflitos. Pelo PMDB, estiveram no encontro o líder na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), e do Senado, Valdir Raupp (RO).

À noite, aconteceu a segunda reunião, com a presença da candidata. Dilma jantaria na casa do deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE) com os 14 líderes de partidos que apóiam Lula na Câmara. O intuito era avaliar de que forma as bancadas poderiam ajudar na campanha e resolver conflitos estaduais. O jantar ocorreu em um momento em que os tucanos tentam ganhar alguns segundos a mais no horário eleitoral gratuito e atrair nanicos como PMN e PSC para o arco de alianças, até agora formado apenas com PSDB, DEM e PPS. Também acontece quando a base começa a ficar insatisfeita com a falta de liberação de emendas parlamentares por parte do governo.

Ainda ontem, Dilma lançou o site " Dilma na Web " . Após o ato, concedeu entrevista e criticou Serra. " Ele está mais é para biruta de aeroporto. Cada dia de um jeito. É impossível se passar pelo que não é " , disse.

Ela comentava críticas do tucano feitas ontem ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), apontando que Serra ora elogia, ora ataca o governo Lula. Citou como exemplos críticas da oposição ao programa Bolsa Família e ao programa Minha Casa Minha Vida.

Sobre o PAC, ela defendeu o programa: " É um imenso esforço para fazer nosso país voltar a investir. Eles (oposição) falam em acabar com o PAC, que é uma lista de obras, que não ser para nada, mas vai ter que falar isso com os prefeitos " . Disse ainda que Serra terá dificuldades se quiser acabar com este programa. A petista evitou comentar a pesquisa eleitoral divulgada sábado, que a coloca dez pontos atrás de Serra.