Título: Tudo pelo presidente
Autor: Abreu, Diego; Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 02/07/2010, Política, p. 2

Candidatos aos governos estaduais já pensam rever alianças para não perder apoio de Lula, considerado ¿imprescindível¿

Quanto vale o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, na campanha eleitoral? Petistas e aliados respondem a essa pergunta dizendo ¿imprescindíveis¿. Assim, os candidatos a governos estaduais não vão titubear se tiverem de expulsar da coligação legendas que podem atrapalhar a aparição das estrelas do PT nos programas de televisão por determinação do Tribunal Superior Eleitoral.

¿Ninguém em sã consciência vai abrir mão da participação de Lula e Dilma nos programas por causa de partidos menores¿, afirmou um assessor da campanha de reeleição do governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), que pediu anonimato. Depois de saber que a decisão do TSE poderia atrapalhar os planos de contar com Dilma e Lula, Gomes avisou aos assessores que não quer correr riscos. Se for necessário, será extracauteloso. Excluirá legendas como PTB e PTdoB da aliança no estado. Mesmo não estando dentro da interpretação da Justiça, os partidos emprestam apoio ao candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, José Serra.

Sumário Com a confusão causada pelo TSE, candidatos cogitaram excluir sumariamente aliados. A campanha de Jaques Wagner pensou retirar o PSL da chapa, mas voltou atrás depois de ser informada da desistência de Américo de Souza, até então candidato à Presidência da legenda nanica. O senador Aloizio Mercadante, candidato pelo PT ao governo de São Paulo, não iria titubear em excluir quem impedisse a participação de Lula e Dilma em seu programa eleitoral, casos do PRTB e do PSDC.

A estratégia de crescimento de Mercadante está baseada na expansão de Dilma no estado. ¿Temos um espaço de crescimento porque é maior o potencial eleitor da Dilma do que o do Mercadante¿, disse o coordenador da campanha do petista, o prefeito de Osasco, Emídio de Souza, citando pesquisas de intenção de votos em que a candidata a presidente tem até 20 pontos percentuais a mais do que Mercadante.

Em Santa Catarina, a candidata do PT Ideli Salvatti não cogita a hipótese de não ter as duas estrelas do partido em sua campanha de rádio e televisão. Tanto está empenhada nessa estratégia que delegou funções e passou ao largo pela decisão do TSE. ¿É a direção nacional que vai cuidar disso¿, disse a petista, que apresentou seu vice, o empresário Udo Döhler.

Entenda o caso

A decisão do TSE se refere à participação dos presidenciáveis nas propagandas eleitorais de aliados (na televisão e no rádio) nos estados em que o partido seja parceiro de legendas que também concorram ao Planalto.

O acórdão (resumo da decisão) do TSE só vai ser publicado em agosto, por decisão do presidente do tribunal, Ricardo Lewandowski. Por isso, a aplicação da decisão está suspensa. O TSE decidiu reanalisar a questão quando os ministros retornarem do recesso judiciário. Isso, porém, não significa que o entendimento sobre a questão será alterado.

É só um indício de que o tema pode ser revisto.

A propaganda eleitoral gratuita tem início em 17 de agosto. Só a partir dessa data os casos de eventual desrespeito à decisão do TSE poderão ser questionados.

O TSE não vai mais responder a consultas feitas por partidos e candidatos. O prazo para isso se encerrou em junho. A partir de agora, só haverá manifestação sobre casos concretos.

Se alguma coligação ou candidato contrariar o entendimento do TSE, caberá aos partidos, candidatos ou ao Ministério Público Eleitoral entrar com ações.

A punição para o descumprimento da norma poderá resultar em multa, perda do tempo de propaganda e até, em último caso, prisão, se houver crimes eleitorais.