Título: PIB deve crescer 5,5% em 2010 e 4,1% em 2011
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 22/04/2010, Finanças, p. C7

PIB deve crescer 5,5% em 2010 e 4,1% em 2011 de Washington

O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê a desaceleração da economia brasileira entre 2010 e 2011, de 5,5% para 4,1%, de acordo com projeções divulgadas ontem. Em parte, o ritmo de expansão da atividade tende a se acomodar em virtude do esgotamento dos estímulos fiscais e monetários feitos pelo governo durante a crise financeira mundial. Mas, em grande parte, a desaceleração nas projeções do organismo é causada por fatores meramente estatísticos. Já a economia mundial deverá se expandir a uma taxa de 4,2%, um pouco mais do que os 3,9% projetados em janeiro. O FMI considera menores os riscos de a retomada econômica ser abortada, por isso começa a pedir com um pouco mais de ênfase que os países desenvolvidos anunciem estratégias para controlar seus déficits públicos e conter o aumento de suas dívidas públicas. O Brasil está avançado no ciclo de recuperação econômica e dá sinais de estar próximo do esgotamento de sua capacidade produtiva, disse Petya Koeva, uma economista do FMI. "Uma das razões para a esperada desaceleração da economia brasileira é que os estímulos fiscais e monetários devem ser retirados", afirmou, referindo-se à necessidade de desaquecer a demanda para evitar pressões inflacionárias. A taxa de expansão esperada pelo FMI para a economia brasileira no último trimestre de 2009, 2010 e 2011 é praticamente estável em 4,2%. Esse é um sinal de que o crescimento mais forte esperado para 2010, de 5,5%, é em grande parte resultado de um efeito estatístico. Como a expansão brasileira foi muito fraca em 2009, a taxa média de crescimento em 2010 acaba inflada por um efeito que os economistas chamam de "carry over". O crescimento brasileiro está mais forte do que o esperado pelo FMI. Em janeiro, o organismo projetou uma expansão de 4,7% para 2010, ante os 5,5% divulgados ontem. Para 2011, a projeção foi revista de 3,7% para 4,1%. O economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, disse que a economia mundial como um todo está tendo um desempenho "melhor do que o esperado". Há algumas fragilidades, como o excesso de prudência dos consumidores americanos e a restrição de oferta de crédito pelos bancos na Europa. Mas o economista considera que os riscos para a recuperação econômica são menores, por isso prega que os países se concentrem na correção de desequilíbrios econômicos que podem causar problemas mais adiante. Além da dívida pública crescente, outra preocupação é com a moeda desvalorizada da China e outros países asiáticos. Os países desenvolvidos, segundo o FMI, devem reduzir consumo, poupar mais e expandir exportações. Países como a China devem fortalecer suas moedas, poupar e exportar menos, consumir mais e fazer investimentos em setores voltados para o mercado doméstico.