Título: Lula envia Amorim ao Irã para discutir programa nuclear
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Fonte: Valor Econômico, 23/04/2010, Brasil, p. A4

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou o apoio do Brasil ao uso da energia nuclear para fins pacíficos e o Palácio do Planalto informou que o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, iniciou ontem viagem ao Irã, Turquia e Rússia, para dar andamento às conversas sobre o programa nuclear iraniano.

Lula visitará o Irã em maio, em meio a crescentes pressões de potências ocidentais, lideradas pelos Estados Unidos. Esses países acusam Teerã de buscar a fabricação de armas nucleares e defendem a aplicação de sanções contra o governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad. Para o presidente Lula, só um acordo pode garantir que o programa nuclear iraniano não leve à produção de armas nucleares.

"Isso não é uma coisa pessoal. Isso tem que ser feito um acordo", disse Lula a jornalistas, depois de oferecer um almoço ao presidente do Líbano, Michel Sleiman. "Acreditamos que os foros multilaterais vão decidir essas garantias para todos nós."

Lula reafirmou a posição do governo brasileiro sobre o tema. "O Brasil defende a tese de que o Irã tem o direito de produzir energia nuclear para fins pacíficos, seja para produzir energia elétrica ou para produzir remédio. O Brasil defende para o Irã o mesmo que o Brasil tem. "

Ele voltou a criticar a aplicação de sanções contra o Irã e a defender a ampliação do grupo de países que discutem o tema. "Temos autoridade moral e política para discutirmos esse assunto com quem quer que seja. Discutir a paz hoje não é privilégio de um ou outro país."

Lula classificou como fundamental a participação do governo libanês no processo de discussão por um acordo de paz. Sleiman retribuiu apoiando indiretamente a reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Assim como o governo brasileiro, o presidente libanês defende a reforma do Conselho de Segurança da ONU - formado por cinco países permanentes e dez temporários, atualmente o Brasil é um deles. Um dos esforços de Lula é para que o Brasil ocupe um assento fixo no conselho. Para Sleiman, é uma questão de "justiça" promover a reforma do órgão.

Lula e Sleiman criaram ontem o Conselho Empresarial Brasil-Líbano. O objetivo é incrementar o comércio bilateral a partir de estímulos para setores específicos, como grãos, frutas secas, óleos e azeites. No ano passado, as exportações brasileiras para o Líbano acumularam US$ 285,2 milhões em favor do Brasil. A ideia é equilibrar a balança comercial dos dois países.

Representantes do Brasil e do Líbano assinaram também acordos de cooperação nas áreas de desenvolvimento social e esportes. Os frequentes conflitos armados em território libanês obrigaram o governo e as organizações não governamentais a intensificar os esforços pela reconstrução do país.

"O Brasil quer ver o Líbano recuperar seu lugar como porta privilegiada de acesso aos investimentos e ao comércio do mundo árabe. Queremos consolidar o papel de Beirute como plataforma para os negócios brasileiros", disse Lula durante almoço oferecido a Sleiman. (Agências noticiosas)