Título: Para Abal, aumento das importações ameaça sobrevivência do transformador
Autor: Ribeiro , Ivo
Fonte: Valor Econômico, 23/04/2010, Empresas, p. B11

O crescimento das importações de alumínio e seus produtos manufaturados, que devem acelerar com a expansão da economia brasileira, de 2012 em diante, será um fator crítico para a indústria no país, alerta o dirigente da Associação Brasileira de Alumínio, Adjarma Azevedo. "Se nada for feito, o Brasil vai importar de sucata de alumínio a metal primário e produtos transformados em geral", afirma.

Isso preocupa, avisa o dirigente, mas ficará ainda mais grave quando não se limitar aos produtos de alumínio. "Como virão essas importações?", pergunta. Ele observa que o grande risco para os fabricantes locais será a entrada desenfreada de itens prontos, como autopeças, equipamentos de ar-condicionado, bicicletas, janelas, dentre inúmeros outros bens já prontos para utilização nos segmentos consumidores, como indústria automotiva, eletroeletrônica, de transporte, embalagens e da construção civil.

"No momento, já vemos uma invasão contínua de produtos semi-acabados e manufaturados de alumínio oriunda da China e até da Índia", informa Azevedo. Com a chancela chinesa chegam materiais diversos. Caso de folhas para embalagens: 32% do total que entra no Brasil vem da China. A entrada de barras e perfis chineses cresceu 36% no último ano. "Havia um ditado no setor de que perfil de alumínio não viaja, mas o chinês viaja, pois aprendeu com Marco Polo". Em chapas, o aumento de importação é de 12,4%.

O dólar depreciado em relação ao real tem favorecidos os produtos importados. "Já levamos essa questão ao ministro Miguel Jorge [do Desenvolvimento, Indústria e Comércio], alertando que a indústria de alumínio no Brasil caminha para um processo de desindustrialização", afirmou. "Nossos novos parceiros nesse processo serão as centrais sindicais e o Ministério do Trabalho para proteger os empregos do setor no Brasil", diz.

No fim deste mês, a Fundação Getúlio Vargas vai concluir um estudo para Abal cujo objetivo foi traçar o cenário da economia brasileira nos próximos anos e como o setor estará posicionado, principalmente em termos de oportunidades de demanda de produtos de alumínio. O resultado desse estudo será apresentado em maio, durante o IV Congresso Internacional do Alumínio, em São Paulo. "Nosso maior desafio é ganhar competitividade para não se tornar um produtor de matéria-prima básica".