Título: Comissão Europeia estuda fundo para socorrer o sistema financeiro
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 22/03/2010, Finanças, p. C2

Agências internacionais

O comissário de serviços financeiros da União Europeia, Michel Barnier, disse na sexta-feira que está considerando pedir a bancos que contribuam para um fundo que poderia ser utilizado no caso de colapso financeiro, em um esforço para proteger contribuintes de futuras crises. Barnier, que pode anunciar novas regras para a UE, afirmou que os contribuintes não deveriam pagar pelos "excessos e pela tomada de riscos não considerados pelas instituições financeiras". Ele disse que as regras ambientais exigem que o poluidor pague e, "em assuntos financeiros, não há motivo para que seja diferente" . Ele não prometeu anunciar as regras, dizendo que deve, primeiramente, analisar maneiras de dividir os custos de falhas de bancos. Oficiais da UE também estão considerando novas maneiras de lidar com grupos financeiros insolventes que operam em vários países, para evitar uma repetição da disputa mundial que se seguiu após o colapso do banco de investimentos Lehman Brothers, em setembro de 2008. O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, também pediu para que a União Europeia crie uma "brigada de incêndio" para lidar com o colapso de bancos que operam em vários países. Ele disse em uma conferência bancária organizada pela Comissão Europeia que os planos atuais "provaram ser inadequados" , fazendo com que as falhas de bancos internacionais sejam difíceis de lidar e mais caras do que o necessário. Ele sugeriu que uma nova Autoridade de Resolução Europeia lidaria com bancos insolventes que poderiam forçar acionistas e credores sem seguro a arcar com os custos da falha. A nova agência deve ser fundada, na medida do possível, por meio de tributação sobre grupos financeiros e depósito de pagamentos de seguro, disse ele, bem como deve ter diretrizes claras no que se refere ao resgate ou à dissolvência de um banco que opera em diferentes países. O diretor-gerente do Fundo disse que a dificuldade de governos em concordar sobre como lidar com um banco que se encontra em situação difícil levou Bélgica, Holanda e Luxemburgo a optarem por uma "separação custosa do banco Fortis" , entre os meses de setembro e outubro de 2009, em vez de manter a instituição unida. Já o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, disse que os governos europeus precisam definir regras comuns quanto a procedimentos de insolvência, porque as leis nacionais atuais resultam em sistemas muito diferentes.