Título: Executiva do PSB nega que pedirá cargos de apadrinhados de Ciro
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 27/04/2010, Política, p. A9

A executiva nacional do PSB divulgou nota ontem desmentindo as informações de que o partido pedirá os cargos de apadrinhados de Ciro Gomes (CE) no governo, principalmente na Secretaria dos Portos, como uma retaliação às declarações recentes do deputado contra a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Divulgada na véspera da reunião da executiva que sacramentará a saída de Ciro da disputa presidencial, a ser realizada hoje na sede do partido, a nota tenta diminuir o mal estar gerado pela desistência da candidatura própria.

Escrita por ordem do presidente do partido, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, a nota reforça que Pedro Brito é "uma indicação do partido, exerce com zelo e competência a Secretaria dos Portos, desfruta de nossa confiança e muito bem nos representa no governo e nele permanecerá enquanto o desejar o presidente da República".

Além do documento da executiva, Eduardo Campos pediu para que o secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, ligasse a Brito para tranquilizá-lo. Em relação a Ciro, a nota partidária afirma que ele "é uma das mais importantes e respeitadas lideranças do partido e no momento está empenhado na defesa, legítima, de sua pré-candidatura à Presidência; priva de nossa amizade e respeito".

O deputado e candidato do PSB ao governo do Rio Grande do Sul, Beto Albuquerque, disse que especulações como essas só acentuam os erros cometidos na condução política da pré-candidatura de Ciro. Albuquerque, que sempre defendeu a importância de o PSB ter um candidato próprio, reconheceu que o clima é de total constrangimento. "As relações de Ciro com o partido estão estremecidas, é natural. Versões vazaram antes que a decisão final fosse tomada, o que é péssimo para todos os lados."

Outra coisa que, na opinião do deputado, agrava o momento delicado vivido pelo partido é a pressa de alguns setores de abrir as negociações com o PT sobre alianças estaduais, uma vez que Ciro não é mais candidato. "Agora que feriram de morte a candidatura Ciro, vão querer negociar o quê? A fatura já foi descontada, é perda de tempo".

No PT, contudo, há disposição de olhar com mais benevolência para o PSB a partir de agora. Sem a ameaça Ciro, o partido poderá tomar assento no conselho político da campanha de Dilma e os líderes partidários, tanto do Senado quanto da Câmara, participar das reuniões com os demais partidos da base.

Em relação às alianças estaduais, petistas que integram o comando de campanha de Dilma afirmam que o primeiro gesto de aproximação foi dado com a decisão de apoiar o PSB nos Estados onde o partido tem governadores que concorrerão à reeleição, como é o caso de Pernambuco, ou assumiu recentemente o poder em substituições a governadores que se desincompatibilizaram.

Em relação à situação de Pedro Brito, ministros próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmam que não existem razões para demitir o titular da Secretaria de Portos. "As situações regionais não vão influenciar nas decisões ou na composição do governo." (PTL)