Título: Disputa interna no PSDB pela vaga ao Senado adia lançamento de Alckmin
Autor: Lima, Vandson
Fonte: Valor Econômico, 28/04/2010, Política, p. A8

de São Paulo

O lançamento da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) ao governo de São Paulo, antes marcado para o dia 29 de abril, foi adiado, sem que nova data tenha sido escolhida. O motivo é a indefinição do nome que concorrerá ao Senado, que está dividindo duas alas do tucanato. Aliados do pré-candidato à Presidência da República, José Serra, querem Aloysio Nunes Ferreira, ex-chefe da Casa Civil do governo de São Paulo. O deputado federal José Aníbal, apoiado pelos simpatizantes de Alckmin, não abre mão da candidatura e quer uma decisão por prévias no partido. O PSDB considera imprescindível que a cerimônia tenha a chapa definida, numa demonstração de união do partido. O atual governador, Alberto Goldman, teria comunicado ao partido que não compareceria ao evento se os nomes não estivessem definidos, relata uma fonte da cúpula tucana. O grupo que defende a candidatura de Nunes Ferreira argumenta que, como este abriu mão da candidatura ao governo estadual, deixando a vaga para Alckmin, seu nome deve ser naturalmente alçado para a disputa pelo Senado, num acordo alinhavado por Serra. Caberia a Alckmin a tarefa de convencer Aníbal, seu aliado, a desistir. Alckmin recusa-se a cumprir a missão com o argumento de que não se sente no direito de fazer tal pedido a Aníbal. Diz que o Aníbal pleiteia a vaga pelo mesmo critério que ele próprio, além de Serra, viabilizaram-se candidatos ao governo e à Presidência: a colocação em pesquisas de intenção de voto. Aníbal, que já disputou o Senado em 2002, ficando na 4º colocação, tem em média 12%, enquanto Nunes Ferreira largaria com metade disso, cerca de 6%. Aníbal articula a realização de uma convenção ou a convocação de prévias, baseado no estatuto do PSDB, que prevê tal procedimento quando há mais de um candidato para a mesma vaga. Nos cálculos de Aníbal, ele teria ampla maioria entre os 3,9 mil membros votantes. Na segunda-feira, a reunião da Executiva do PSDB decidiu encaminhar os dois pedidos para o diretório do partido, que se reúne na próxima semana. Cada coligação pode indicar dois nomes para a disputa ao Senado. Como em São Paulo o PSDB fechou acordo com o PMDB, umas das vagas será preenchida pelo ex-governador Orestes Quércia. O impasse ocorre no momento em que Alckmin e Serra ensaiam uma estratégia conjunta para as próximas eleições. O marqueteiro das duas campanhas será o mesmo, o publicitário Luiz González, da Agência Lua Branca. O coordenador da campanha de Alckmin é um homem da confiança de Serra, o deputado estadual e ex-secretário de Planejamento, Sidney Beraldo. Este teria sido convidado por Nunes Ferreira a ser seu suplente na disputa ao Senado. Nunes Ferreira vislumbraria a possibilidade de que, numa eventual vitória sua ao Senado e de Serra à Presidência, poderia ser chamado a assumir algum ministério, cabendo a Beraldo assumir a vaga.