Título: Acordo satisfaz critérios críticos, mas há riscos
Autor: Hope, Kerin; Tait, Nikki
Fonte: Valor Econômico, 03/05/2010, Internacional, p. A13

Financial Times De acordo com seu primeiro-ministro, a Grécia é "um elo fraco e uma cobaia". Isso fez do país uma "preda fácil para especuladores". Agora o governo decidiu evitar a bancarrota a todo custo, com o apelo de que "a Grécia decide o seu próprio futuro". As palavras de George Papandreou ontem foram comoventes, mas o futuro da Grécia continuará à mercê de políticos estrangeiros e do mercado global de capitais. Mesmo após o grande pacote de socorro, a Grécia continuará a ser uma cobaia nas deliberações da dívida soberana. O acordo de ontem satisfaz três critérios críticos. Em primeiro lugar, parte de previsões de crescimento nas quais uma pessoa razoável pode acreditar. Ele admite que haverá drástica contração neste e no próximo ano, seguida de crescimento de apenas 1,1% em 2012, e assim reconhece que a meta de déficit fiscal de 3% do PIB só será atingida em 2014. Em segundo lugar, o sofrimento para a Grécia, em termos de cortes no setor público e alta dos impostos, parece doloroso o bastante para convencer o mercado. Em terceiro lugar, o papel do árbitro global, com o FMI fazendo avaliações trimestrais, é suficiente para dar credibilidade. No curto prazo, o efeito será o de evitar, por alguns anos, uma reestruturação da dívida grega. Assim, os juros muito altos cobrados da Grécia por sua dívida de curto prazo podem cair, o que deve gerar otimismo no mercado. Os riscos são políticos. Uma greve geral na Grécia ou o atraso na ratificação do pacote pelo Parlamento alemão trariam de volta a aversão ao risco. No longo prazo, o risco é que mesmo as novas e pessimistas projeções de crescimento da Grécia se revelem otimistas demais. Ou que o setor público grego consiga eludir as drásticas reformas. Portugal e Espanha agora sabem o que acontece com as cobaias. Eles corretamente argumentam que a sua situação difere da da Grécia em aspectos importantes, mas é o mercado que estabelece o custo dos empréstimos. Agora está mais claro o que esses países precisam fazer para evitar perder a confiança dos mercados.