Título: Grécia fecha pacote de ajuda de US$ 146 bilhões com UE e FMI
Autor: Hope, Kerin; Tait, Nikki
Fonte: Valor Econômico, 03/05/2010, Internacional, p. A13

Financial Times, de Atenas, Bruxelas e Berlim

A União Europeia aprovou ontem um pacote de empréstimos de emergência no valor de ¿ 110 bilhões (US$ 146 bilhões) para a Grécia, para tentar evitar uma moratória da dívida soberana grega e que a crise de confiança se espalhe para países como Portugal e Espanha. Os empréstimos à Grécia concedidos por países da zona do euro e pelo Fundo Monetário Internacional foram descritos por autoridades do FMI como "grandes e sem precedentes". Os detalhes do pacote foram definidos numa reunião na noite de ontem entre os ministros das Finanças dos países da zona do euro. Esses países vão contribuir com ¿ 80 bilhões do total. Angela Merkel, a primeira-ministra da Alemanha, expressou ontem confiança de que o pacote grego é tanto crível como sustentável. "Acho que essa é a única possibilidade que temos de assegurar a estabilidade do euro", disse Merkel numa entrevista coletiva em Bonn. O acordo sobre o pacote de ajuda à Grécia saiu depois que o governo grego concordou ontem com medidas extras de austeridade, em troca dos empréstimos. Entre elas, o país se comprometeu a reduzir o seu déficit orçamentário de 13,6% do PIB para menos de 3% até 2014 e a estabilizar a dívida pública em torno de 140% do PIB, ainda que espera-se que ela alcance um pico de 150%. O pacote de austeridade inclui ainda medidas duras para reduzir o inflado setor público grego, cortes nos salários dos servidores e nas aposentadorias, um aumento do imposto sobre valor agregado e elevação da taxação sobre combustíveis, bebidas alcoolicas e cigarros. Essas medidas de austeridade vão afetar duramente a economia, admitiu ontem o ministro das Finanças da Grécia. Ele revisou para baixo as projeções econômicas e prevê agora que a economia grega terá contração de 4% este ano e de 2,6% no próximo. "É um pacote de apoio sem precedentes, em troca de um esforço se precedentes do povo grego", afirmou ontem George Papandreou, o primeiro-ministro da Grécia. Em Bruxelas, sede da UE, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, descreveu o acordo como um "pacote sólido e confiável". O Banco Central Europeu elogiou o programa de ajuste, mas acrescentou: "O conselho diretor [do BCE] considera ainda essencial que as autoridades da Grécia estejam prontas para adotar qualquer medida ulterior que seja apropriada para alcançar os objetivos do programa". O governo de Merkel deve enfrentar fortes críticas no Parlamento alemão e um possível questionamento da ajuda à Grécia na Corte Constitucional, antes de poder assinar o acordo no final desta semana. Parlamentares alemães estão irritados com a falta de transparência do governo na negociação do pacote e com a ampla fatia de empréstimos que deve caber á Alemanha. Ao defender a sua posição rígida de recusar um pacote de ajuda à Grécia até este momento, Merkel afirmou que seria "impensável" para o governo grego aceitar três meses atrás as duras medidas de austeridades impostas agora ao país.