Título: Crédito de banco privado cresce mais do que público
Autor: Travaglini, Fernando
Fonte: Valor Econômico, 30/04/2010, Finanças, p. C4
Pela primeira vez desde o início da crise, os bancos privados registraram expansão no crédito superior aos públicos. Em março, o crescimento do estoque de empréstimos das instituições financeiras de capital nacional e estrangeiro foi de 1,43% em relação ao mês anterior. Já os estatais apuraram alta de 0,6% no saldo total no mesmo período.
No acumulado do primeiro trimestre, o avanço dos privados foi de 2,7%, contra 2,6% dos públicos, entre janeiro e março, em comparação ao patamar do final do ano anterior.
Durante a crise, os bancos controlados pelo governo aceleraram as concessões tanto para empresas como para o consumo, como forma de estimular a economia e irrigar o sistema financeiro. Com a estratégia, a participação dos estatais pulou de 37% para 41,5% do total, superando os privados nacionais, que caiu de 42% para 40,7%. Os estrangeiros detêm 17,8% de participação.
A recuperação, até agora, está concentrada nas linhas para pessoas físicas. Os privados nacionais acumulam crescimento de 2,1% no mês e de 4,5% no primeiro trimestre do ano. Já os estrangeiros tiveram expansão de 1,3% no mês e de 0,9% no ano. Mas os empréstimos para as empresas também começam a apresentar aceleração, especialmente para o comércio e para empresas do setor de serviços.
O total de crédito do sistema financeiro encerrou o mês de março com volume de R$ 1,451 trilhão, avanço de 1,1% sobre o mês de fevereiro e de 16,8% em comparação com os doze meses anteriores. O estoque equivale a 45% do PIB. O Banco Central acredita que o volume total possa fechar o ano em 49% do PIB, com expansão de 20% no ano.
Dados iniciais do mês de abril, relativos apenas aos empréstimos com recursos livres (que não incluem habitação e BNDES), tiveram alta de 1,5% até o dia 15. Os empréstimos para pessoas físicas avançaram 3,1% enquanto para empresas o crescimento ainda é menor, de 0,2% em relação ao mês de março, segundo antecipou o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
Um dos destaques no mês foi a continuação do processo de queda da inadimplência (atrasos acima de 90 dias), tanto da pessoa física, que recuou 0,3 ponto percentual, para 7%; quanto das empresas, que caiu 0,1 ponto, para 3,6%.
Um sinal de alerta, no entanto, diz respeito aos atrasos entre 15 e 90 dias nos empréstimos para pessoas físicas, que voltou a subir em todas as modalidades, atingindo 5,9% em média. Esse indicador vinha apresentando queda desde março de 2008.