Título: Balança comercial recupera-se em abril
Autor: Travaglini , Fernando
Fonte: Valor Econômico, 04/05/2010, Brasil, p. A3

O mês de abril marcou uma forte recuperação da balança comercial brasileira, com resultado recorde tanto para as exportações quanto para as importações. O saldo ficou positivo em US$ 1,238 bilhão, resultado de US$ 15,161 bilhões em exportações e US$ 13,878 bilhões em importações.

O volume do superávit é expressivo e representa quase 60% do que já havia sido registrado até agora no ano - o acumulado entre janeiro e abril está em US$ 2,175 bilhões. O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Welber Barral, afirmou que há uma recuperação das exportações, já que o mês foi marcado por embarques de petróleo, soja e também pelo impacto da alta do preço do minério de ferro.

Apesar da melhora, o desempenho do comércio exterior brasileiro este ano ainda está aquém do ano anterior. Entre janeiro e abril do ano passado, o saldo estava positivo em US$ 6,681 bilhões. Essa piora no superávit é decorrente de uma aceleração maior das importações em relação às vendas de empresas brasileiras no exterior.

As exportações bateram recorde no ano no primeiro quadrimestre - US$ 54,390 bilhões, alta de 25% em relação ao mesmo período do ano anterior. As importações, no entanto, cresceram 41,8%, também batendo recorde para o período, de US$ 52,215 bilhões. "A tendência de aumento das importações continua", disse Barral.

Uma das explicações para essa expansão das importações se deve ao fato de o país apresentar uma recuperação mais forte do que outras economias no pós-crise. Com isso, a demanda interna cresce num ritmo mais acelerado do que as compras de empresas no exterior.

O fato de o real estar valorizado também impacta negativamente no saldo, já que gera incentivo às importações, elevando a compra de matérias-primas no exterior. "Para ter preços competitivos, inclusive no mercado brasileiro, as empresas aumentam a importação de insumos, que já é quase três vezes maior que a de bens de capital", afirmou Barral.

A importação de insumos e de bens de capital se reflete em aumento de competitividade do parque industrial brasileiro e garante a presença nos países vizinhos. Preocupa, no entanto, o aumento das importações de bens de consumo, afirmou o secretário de Comércio Exterior.

Um alento pode vir do reajuste do minério de ferro. O mercado já começou a revisar suas projeções do saldo comercial para cima, dado esse aumento. O Boletim Focus, do Banco Central, que traz projeções de analistas e economistas, elevou pela segunda semana consecutiva suas estimativas. Na pesquisa desta semana, a mediana das expectativas aponta saldo positivo em US$ 12,24 bilhões ante os US$ 10 bilhões projetados duas semanas atrás.

"Nos últimos dias, já houve a influência do reajuste de preços do minério de ferro. Ainda não houve um impacto grande na balança, mas o ferro tem peso de 10% na pauta de exportações", afirmou Barral.

O ministério ainda não refez a projeção para a meta de exportação, mantida em US$ 168 bilhões, mas admite que haverá aumento. "Deve ter impacto, mas precisamos calcular, porque depende de contratos e do mercado." A projeção para o mercado mundial é de aumento de 10% das exportações em 2010. "A melhora das exportações brasileiras vai depender da nossa capacidade de recuperar mercado americano e europeu."