Título: Cresce pressão anti-China nos EUA
Autor: Batson, Andrew
Fonte: Valor Econômico, 16/03/2010, Internacional, p. A9

de Washington Mais de cem membros do Congresso dos EUA pediram ontem que o governo do presidente Barack Obama classifique a China como país que manipula o câmbio. A iniciativa mostra a pressão que existe para que o governo assuma uma posição de maior confrontação em relação a Pequim. Numa carta a Timothy Geithner, o secretário do Tesouro, e a Gary Locke, o secretário do Comércio, 130 congressistas pedem que o governo designe a China como manipuladora, quando divulgar seu relatório periódico sobre manipulação de câmbio, no mês que vem. Os congressistas pedem também a imposição de taxas retaliatórias contra os produtos chineses. "Eu não havia visto antes esse grau de entusiasmo dos membros do Congresso", disse Tim Ryan, democrata de Ohio que é um dos congressistas que estão organizando a iniciativa bipartidária. "Há muita gente aderindo e a hora é essa." A carta aumenta a pressão sobre o governo Obama, que vem tentando gerenciar com cuidado suas relações com a China, um dos maiores compradores de títulos do governo americano. Há temores de que um confronto assim possa enervar investidores e minar a recuperação econômica. O governo Obama tem se mostrado relutante em classificar a China como manipuladora do câmbio e figuras importantes como o próprio Geithner vêm tentando trabalhar com Pequim. Os EUA vêm procurando apoio da China numa série de questões, desde mudanças climáticas a sanções ao Irã. Mas, com o desemprego nos EUA próximo de 10%, o governo também identifica a suposta supervalorização do iuan como uma prioridade. As demandas da base do Partido Democrata por uma linha mais dura na questão se intensificaram. "É uma questão política importante para os democratas, claro, mas muitos republicanos e pequenos empresários poderiam se beneficiar disso", disse Ryan. Ele elogiou o presidente Barack Obama por ter adotado "a atitude mais agressiva no sentido de assegurar nossos acordos comerciais do que qualquer outro presidente em 30 anos". A carta acrescenta que, depois da classificação formal, os EUA deveriam iniciar negociações com a China a respeito de seu regime cambiaç e sinalizar o desejo de entrar com uma reclamação formal na Organização Mundial do Comércio (OMC). "Isso é muito arriscado. Tanto do lado americano quanto do chinês, os governos querem manter a relação num patamar igualitário, mas, com as pressões domésticas em alta, há o risco de as coisas saírem de controle", disse Eswar Prasad, especialista da Universidade Cornell e do Brookings Institution. Em uma carta do mês passado, 15 senadores americanos criticaram Locke por ter "fracassado" na tentativa de investigar adequadamente as acusações de que a China deliberadamente mantém sua moeda subvalorizada, para manter vantagens comerciais. O Departamento do Tesouro não quis comentar.