Título: Corrida por cargos na sucessão de 2012 vai a pleno vapor
Autor: Dyer, Geoff
Fonte: Valor Econômico, 16/03/2010, Especial, p. A12

Ao que parece, a nova liderança da China foi acertada em um congresso do Partido Comunista em 2007. Os membros mais graduados do partido decidiram que em 2012-13, Xi Jinping vai assumir as funções de presidente do partido e a Presidência do país, atualmente ocupada por Hu Jintao; Li Keqiang de ser o próximo premiê. Embora haja algumas dúvidas sobre o processo desde então - Xi não conseguiu uma esperada promoção no último outono chinês para a comissão que cuida dos militares -, a maior parte dos analistas acredita que a sucessão está nos trilhos. Mas mesmo assim ainda há muito pelo que jogar. Com pouca transparência ou procedimentos estabelecidos, essas decisões de cúpula não são todas tomadas antes do último minuto. Mais importante é que a sucessão diz muito mais respeito que apenas os dois maiores cargos. Na hierarquia do Partido Comunista Chinês, o primeiro-ministro Wen Jiabao é na verdade o número três. Desde a morte de Mao Tsé-tung, em 1976, o partido vem tentando evitar ter uma figura dominante; as decisões mais importantes agora são tomadas por uma liderança coletiva. Acredita-se que o presidente Hu goza de certos poderes de veto e convocação e cancelamento de reuniões. Mas analistas afirmam que, por exemplo, a decisão de valorizar a moeda ou lançar um grande pacote de estímulo econômico é tomada pelos nove membros do Comitê Permanente do Partido Comunista. Assim, ser um membro do Comitê Permanente é uma posição muito mais influente do que estar no gabinete ministerial do governo dos EUA. Na transição de 2012-13, entre 5 e 7 membros do comitê deverão se aposentar, o que significa que um grande número de funções importantes estará disponível. Os analistas acreditam que é justamente para uma dessas funções que Bo Xilai está se posicionando. Alguns observadores acreditam que a corrida sucessória já está sendo sentida na vida política chinesa. E pode ser por isso que Pequim recentemente vem adotando uma posição diplomática mais afirmativa e, com os políticos temendo serem taxados de frouxos, concedendo sentenças mais duras a dissidentes. "A sucessão pode ser um dos motivos pelos quais a situação está mais dura nos últimos meses", diz David Shambaugh, professor da Universidade George Washington. "Quando há incertezas, há também uma tendência de aversão aos riscos e um maior conservadorismo."