Título: Cartilha orienta tucanos sobre privatizações
Autor: Lima, Vandson
Fonte: Valor Econômico, 10/05/2010, Política, p. A6

de São Paulo

Preocupados com o rótulo de "privatistas" que ficou colado a gestões do PSDB, o diretório do partido em São Paulo elaborou um caderno com cem perguntas e respostas sobre o tema, buscando orientar sua militância para o debate eleitoral. O trabalho, coordenado por Kal Machado, ex-prefeito de Rio Claro, no interior paulista, e membro do Conselho Fiscal do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) do governo José Serra, relembra a derrota de Geraldo Alckmin para Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2006, quando o PT centrou fogo nos ataques ao que chamava de "sanha privatista" dos tucanos, que não conseguiram responder satisfatoriamente sobre as vendas de sistemas de telecomunicações, da Companhia Vale do Rio Doce e à possibilidade, levantada pelo PT, de fazerem o mesmo com a Petrobras. "Lula e seus acólitos demonizaram as nossas conquistas sócio-econômicas. Nossos candidatos e nossa militância precisam estar bem mais preparados. Não podemos ser ingênuos e imaginar que, só por termos bons candidatos, conseguiremos conquistar os eleitores", alerta o documento. Antevendo a pauta do debate eleitoral, o caderno traz comparativos entre as privatizações e concessões realizadas no governo Lula e as da gestão Serra: "O governo Lula licitou sete novos trechos de rodovias federais. As novas concessões apresentaram um modelo de outorga que resultou em tarifas bem inferiores às que são praticadas nas concessões paulistas". Na sequência, oferece a possível resposta aos correligionários: "Para enfrentar a inevitável comparação, será preciso defender veementemente o programa paulista, mostrando as vantagens comparativas e as diferenças entre os modelos estadual e federal". Para dar corpo à tese, é citado o caso da rodovia federal Presidente Dutra, considerada pela pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) a melhor do país durante sua gestão privada. Hoje ela está em 15º, segundo o material tucano. Kal Machado acredita que, após o ocorrido em 2006, os candidatos do PSDB estão mais preparados para debater as privatizações e defenderem as medidas outrora tomadas: "Banco do Brasil, Petrobras, Correios e outras tiveram as suas diretorias loteadas pelo governo federal. Isso que é indefensável. No mais, eles também privatizaram muito, só que com pior qualidade". Machado considera o novo programa de concessões federal é imediatista: "O programa oferece subsídios às concessionárias com recursos dos contribuintes que não usam as rodovias", argumenta. A cartilha diz que o PSDB "acusou o golpe", mas deve se preparar para uma discussão mais profunda sobre a necessidade das privatizações: "A derrota pode ser atribuída mais à falta de capacidade de comunicar as vantagens dessa política, do que propriamente a um descrédito da sociedade." Por fim, há a defesa dos programas de concessão rodoviária: "Embora a concessão tenha se tornado uma realidade mundial, ano a ano o país perde terreno em relação a outras nações. No plano político, deve-se exigir que os benefícios oferecidos pelo governo federal às novas concessionárias sejam estendidos às concessões estaduais, como: isenção de PIS e Cofins e financiamento pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a juro de 5,5% ao ano".