Título: Gregori será tesoureiro da campanha de Serra
Autor: Agostine, Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 10/05/2010, Política, p. A7

de São Paulo

O ex-ministro da Justiça José Gregori presidirá o comitê financeiro da campanha do pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra. Será a terceira vez que Gregori será o responsável pelas finanças de uma campanha do candidato tucano: ele também atuou como tesoureiro quando Serra concorreu à Prefeitura de São Paulo, em 2004, e ao governo paulista, em 2006. A escolha foi definida há cerca de vinte dias e na semana passada Gregori reuniu-se com o coordenador administrativo da campanha, José Henrique Reis Lobo, e o advogado do PSDB, Ricardo Penteado, para começar a traçar estratégias de arrecadação da campanha. Até o lançamento oficial da candidatura de Serra, que deve ocorrer após as convenções partidárias de junho, todas as despesas do pré-candidato serão administradas pelo partido. Advogado, Gregori foi ministro da Justiça no segundo governo Fernando Henrique Cardoso, entre 2000 e 2002, e hoje dirige a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo, comandada pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM). Em 2004 e 2006, Gregori dividiu o comando do comitê financeiro da campanha de Serra com o tesoureiro do diretório municipal do PSDB, Clodoaldo Pelissioni. A escolha de Gregori como tesoureiro não significa que ele será a única pessoa envolvida com a arrecadação de recursos para a campanha de Serra. Dirigentes do partido cogitam que antigos colaboradores do candidato, como o ex-deputado Marcio Fortes e o empresário Andrea Matarazzo, que acaba de ser nomeado secretário de Cultura do Estado, também poderão participar dos contatos com empresários. Gregori acha que nesta eleição será reduzida a importância das chamadas doações ocultas, contribuições que as empresas podiam fazer legalmente para os partidos sem identificar os candidatos a serem beneficiados pelo dinheiro. "Hoje não há mais possibilidade de não se saber quem doou, a não ser quando não é uma doação oficial", disse Gregori. "Não há mais vantagem em fazer doação pelo partido." Resolução aprovada há pouco mais de dois meses pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) obriga os partidos a identificar a origem e o destino de todas as doações recebidas em anos eleitorais. Antes dessa resolução, os partidos eram obrigados a identificar os doadores e detalhar suas despesas, mas não precisavam associar as empresas aos candidatos beneficiados por suas contribuições. O coordenador administrativo da campanha de Serra acha que seria melhor se todas as doações eleitorais fossem feitas diretamente aos partidos, sem a necessidade de criação de comitês de campanha. "Os partidos aplicariam os recursos de acordo com seus critérios, suas conveniências políticas e estratégicas", disse José Henrique Reis Lobo no sábado, pouco depois do lançamento do pré-candidato do PSDB ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin. "O partido é uma instituição jurídica, de direito público e que abriga seus recursos com absoluta transparência, de forma permanente. O partido não é transitório, efêmero. O doador está identificado com nome, CPF e RG. Que doação oculta é essa?"