Título: Tractebel se valorizou 646% em 12 anos e lucrou mais de R$ 8 bilhões
Autor: Goulart, Josette
Fonte: Valor Econômico, 10/05/2010, Empresas, p. B1
De São Paulo
O momento Belo Monte passou para a GDF Suez. Mesmo não tendo participado do leilão daquela que será a maior hidrelétrica do país e sem ter a intenção de entrar na nova sociedade que está se fechando para a concessão da usina, o grupo ainda segue firme como o maior gerador privado do país e entre as estrangeiras foi a que mais lucrou no Brasil desde 2003, segundo estudo feito pelo ValorData. Desde 1998, quando investiu na hidrelétrica Cana Brava e logo em seguida na compra da Gerasul, a Tractebel, que detém os ativos companhia, já se valorizou na bolsa de valores 646% e valia em março quase R$ 14 bilhões. Além disso, somando seus lucros nesse período, reduzindo alguns poucos anos de prejuízos, o ganho líquido foi de R$ 8,3 bilhões, já corrigidos. Com resultados tão expressivos no país, a companhia quer crescer mais e o presidente do grupo, Maurício Bahr, diz que não só a empresa vai continuar investindo em geração hidrelétrica como quer ser referência para usinas nucleares e também planeja investir no setor de gás. Desde que chegou no Brasil, a GDF Suez investiu US$ 5 bilhões e tem em seu portfólio usinas em operação com capacidade de gerar 7,5 mil megawatts de energia, a maior parte são hidrelétricas. A companhia ainda tem compromissados investimentos da ordem de US$ 3 bilhões com as hidrelétricas de Estreito e Jirau, ainda em construção. "E sabemos que temos que continuar investindo para não perder mercado", diz Bahr. "Já tivemos 7% do mercado, hoje temos somente 6%". A companhia está estudando os novos projetos hidrelétricos que devem ser leiloados até o fim do ano que vem, como os dos rios Teles Pires e Tapajós. São os próximos dois grandes complexos hidrelétricos a serem leiloados pelo governo federal. Como mero espectador do último leilão realizado pelo governo, Bahr diz que o momento Belo Monte passou para a companhia mas tem a expectativa de que o projeto traga novos fornecedores e construtoras para o mercado hidrelétrico brasileiro. A Suez é um grupo a ser batido pelas construtoras que nos últimos anos decidiram também focar nos investimentos em geração. Hoje uma das principais rivais é a Odebrecht. O espírito de competição, acirrado principalmente dentro da construtora, surgiu depois do leilão da usina hidrelétrica de Jirau, quando o grupo Suez, numa manobra agressiva, ganhou o leilão baixando o preço e alterando o eixo de construção da usina. Bahr não comenta essa competição, mas diz: "O nosso compromisso é de longo prazo e de fazer o melhor projeto, não de ganhar com construção". (JG)