Título: Arruda depõe sobre violação do painel do Senado
Autor: Basile , Juliano
Fonte: Valor Econômico, 07/05/2010, Política, p. A9

O ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda depôs, ontem, na Justiça por conta das acusações de que teria participado da violação do painel de votação do Senado, em 2000. Ele negou que tenha determinado ou mesmo trabalhado para violar o painel, logo após a votação que levou à cassação do mandato do então senador Luiz Estevão, na época, do PMDB. Mas admitiu ter recebido um envelope de seu chefe de gabinete na ocasião, Domingos Lamoglia, e, ao abri-lo, viu que se tratava de uma lista de votação.

De acordo com Arruda, o envelope tinha uma lista com "nomes e qualidade dos votos, identificando " sim " ou " não " após cada nome". "Aquela lista não continha qualquer aspecto de oficialidade", disse Arruda ao juiz Alexandre Vidigal de Oliveira, da 20ª Vara Federal.

O caso da violação do painel levou Arruda a renunciar ao cargo de senador, naquele ano. Ele foi acusado de acessar o sistema de votação, que deveria ser secreta. Saiu do Senado, após um discurso em que chorou em público.

No depoimento dado ontem, Arruda disse que levou a lista para o então presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, que também teve de renunciar ao mandato por conta do escândalo da violação do painel. ACM teria feito comentários a respeito dos votos.

O episódio foi descoberto porque ACM revelou a procuradores da República que a então senadora petista Heloísa Helena (AL) teria votado contra a cassação de Estevão. Isso gerou negativas severas de Helena, hoje, no P-SOL. Publicamente, ela era uma forte crítica de Estevão. A revelação de ACM veio à tona porque os procuradores gravaram a conversa e, em seguida, a mesma foi divulgada pela revista "IstoÉ".

Ontem, Arruda disse ao juiz que "não teve a percepção de estar cometendo ilícito naquele momento em que conheceu o teor de uma votação secreta, pois o que lhe coube foi o fato de saber se a votação tinha sido segura do ponto de vista técnico". O ex-governador afirmou ainda que houve, na época, um debate sobre a segurança do painel eletrônico de votação, porque o então peemedebista Jader Barbalho (PA) duvidava do sistema. Barbalho era adversário de ACM.

A violação do painel levou Arruda a deixar o Senado e o PSDB. Ele se filiou ao DEM e foi eleito deputado federal, em 2002, com o discurso de quem admitiu o erro.